À luz dos media portugueses, o assassinato de Eugene Terre’Blanche é um empecilho para o Mundial de Futebol. Não fora a bola e ninguém, em Portugal, ligava peva ao assunto. Nem a resistência afrikaner é assunto que interesse aos portugueses, nem a África do Sul impressiona a opinião encartada. Mas devia. Afinal, ainda lá vive meio milhão de portugueses (eram mais de 600 mil há 20 anos), dois terços dos quais oriundos da Madeira. Ou seja, mais de 10% do total da população branca do país.
Com 49 milhões de habitantes, dos quais 9,6% são brancos, a África do Sul é a maior economia de África. Não obstante, o PIB é apenas de USD$9960 per capita (o de Portugal é de cerca de 22 mil), sendo as desigualdades sociais gritantes fora dos perímetros urbanos de Johannesburg, Pretoria, Port Elizabeth, Durban e Cape Town. Em 1994 Mandela conseguiu evitar o Apocalipse mas, ao fim de 16 anos, a geração de Julius Malema diz alto e bom som: They have exploited our minerals for a very long time. We want the mines, now it’s our turn. Malema é o presidente da juventude [Youth League] do ANC, um admirador confesso de Mugabe e da sua política de expropriação de farms no Zimbabwe. Por sua vontade, o modelo seria aplicado na África do Sul, para onde emigraram milhares de agricultores rodesianos brancos. Zuma, provavelmente, não terá força para o deter. O Mundial de Futebol talvez atrase o futuro. Mas não vai conseguir detê-lo. Este é o busílis.
o mais engraçado é que os dirigentes do partido que Governa aparecem na TV a cantar ” morte ao branco, morte ao agricultor “…e tudo bem, siga a banda. Não hà indignação das diplomacias europeias, da ONU, etc…..outro Zimbabwe à vista….
Se fossem brancos a dizer essas coisas…”aqui del rei!”, as consciências políticamente correctas e jornalísticas ficariam em histeria, mas como são pretos, coitadinhos, dá-se-lhes o desconto.
Optimos comentários. Subscrevo.
Bons comentários. Aquilo é uma panela de pressão, e não só. O pior, é que depois, de darem cabo do país, ou países,aparecem na europa, como imigrantes, infelizes, explorados pelos capitalistas, etc, etc, e nós pagamos, e com bons modos, porque, se ainda se diz alguma coisa, vem a conversa do costume, racistas, blá, blá, blá
Hmm. Eu se fosse a Angola e Moçambique, aproveitava … na África do Sul não devem parar antes de darem com os burrinhos na água. Em Angola e Moçambique, “been there, done that, got the t-shirt” …
Alguns dos boers são um bocado toscos (manias protestantes), mas com um bocadinho de ‘soft-soap’ católico, até podiam ir ao sítio. E não há por lá muito luso-descendente, das ilhas e etc. ?
Só uma ideia.
Já agora, 600.000 brancos vivem actualmente em situação de pobreza. 4000 foram assassinados desde 1994 (destes, cerca de 1200 eram fazendeiros). 800.000, pelo menos, deixaram o país. Apesar da emergência de uma classe média negra ainda incipiente há uma maioria de população negra que vive também na pobreza e muitos responsabilizam o sacrossanto ANC pela situação. O país Arco-Íris só o é para os tontinhos do costume.