Turquia: UE ou Irão

“Ergenekon III” de Fernando Gabriel (Diário Económico)

Uma tese de doutoramento não é um ponto de partida habitual para antever as opções geopolíticas de um país; por outro lado, Ahmet Davutoglu, o autor da tese, também não é um político habitual.

Muito antes de ser ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia já era a éminence grise do AKP e o responsável intelectual pela reformulação da política externa da Turquia, depois deste partido ter assumido o poder em 2002.

A tese de Davutoglu, disponível em inglês sob o título Alternative Paradigms (Boston, 1994) é muito mais do que uma doutrina de política externa: é uma rejeição absoluta e abrangente do secularismo como uma visão política incompatível com a filosofia e a teologia islâmica. Essa rejeição está expressa no “teorema” central: as diferenças entre o pensamento político islâmico e ocidental decorrem de visões do mundo incompatíveis, no seu conteúdo ontológico, epistemológico e axiológico; e o secularismo é um elemento da Weltanschauung ocidental. Embora o argumento assente numa visão reducionista do pensamento político ocidental -por exemplo, a epistemologia empirista está longe de ter o domínio absoluto que lhe é atribuído- as deficiências e insuficiências do argumento importam menos do que as duas principais implicações políticas.

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