Há 5 anos, quando o Insurgente foi fundado, os liberais portugueses viam com bons olhos a venda da Lusomundo a Joaquim Oliveira. A Lusomundo passava de uma empresa com Golden Share para uma empresa privada. O PS mostrava-se descontente, provavelmente porque gostaria de reservar para si a decisão de vender. Cavaco Silva era visto como uma parte da solução para os problemas do país. A esquerda estava em luta contra a ocupação do Iraque. A EDP tinha o monopólio da distribuição da energia. O Insurgente citava palavras muito acertadas do recém-nomeado Ministro Manuel Pinho a favor de reformas estruturais e contra o adormecimento dos governos à sombra do euro. Luís Campos e Cunha e Correia de Campos eram vistos no Insurgente como excelentes escolhas para o governo. O PS preparava-se para subir impostos.
5 anos depois, os jornais do amigo Joaquim estão ao serviço do governo. A Golden Share sobre a Lusomundo agora faz-se via Armando Vara. Vara permite ainda que o Estado tenha uma Goden Share sobre o BCP (um banco que nunca tinha sido público). Cavaco Silva, depois de alguns anos a alimentar o socratismo, está paralizado à espera de eleições. A esquerda deixou de ser contra as guerras americanas. O monopólio da EDP mantém-se intocado. O governo Sócrates dormiu 5 anos à sombra do euro, Manuel Pinho só é lembrado nas anedotas, Luís Campos e Cunha e Correia de Campos foram corridos do primeiro governo Sócrates e o Partido Socialista prepara-se para subir os impostos. Em 5 anos nada de essencial mudou.
João Miranda é membro fundador do blogue Blasfemias
Excelente Chronica do Serenissimo Principe D. José Sócrates.