Embora seja um estudo relativo apenas à Maternidade Alfredo da Costa, e ignorando as picardias entre blogs, o que este estudo revela é algo que deveria constituir matéria de refexão para todos: uma grande maioria de mulheres recorre à IVG como método contraceptivo. Independentemente de como votaram no referendo, a questão impõe-se: Foi para este fim que se aprovou a lei?
É incrível como partes das premissas correctas para chegar à conclusão errada.
1) se o estudo é apenas da MAC, não podes concluir que «uma grande maioria de mulheres recorre à IVG como método contraceptivo»;
2) se o estudo se refere às mulheres que realizaram abortos, não podes concluir que «uma grande maioria das mulheres recorre à IVG como método contraceptivo» mas apenas que uma grande maioria das mulheres que aborta não usa nenhum método contraceptivo; são coisas distintas e a diferença entre uma afirmação e outra não é despicienda;
A importância do assunto dispensa que exageremos o que os números não mostram. Mas já que falamos em números, sugiro a leitura deste artigo: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20085681
Abraço,
PM
Pedro,
1. Tal como diz no artigo (e não referi qualquer percentagem), referi apenas que existe uma grande maioria de mulheres que recorre à IVG, facto que é similar à tendência registada na MAC.
2. Se estas mulheres não realizam qualquer tipo de contracepção e recorrem a uma IVG, parece-me simples concluir que o método contraceptivo realizado foi a IVG (pelo menos na amostra de mulheres que indicam).
A guerra dos números não é para mim o mais importante. Falarem em 80% ou 70% é-me indiferente. Noto porém que a minha pergunta não colheu qualquer resposta da tua parte, esse sim, um ponto importante do meu post.
Abraço
Bruno,
1) O artigo diz «referindo-se ao facto de 87% das mulheres que no ano passado abortaram na Maternidade Alfredo da Costa (MAC)». O resto não são factos.
2) Como reconheces no comentário e ao contrário do que afirmaste no post, não é correcto generalizar o que só se aplica à «amostra de mulheres» estudada na MAC.
Eu respondi à tua pergunta. Se leres o artigo que te mandei no link ficas a perceber para que é que se aprovou a lei.
Abraço
«’«1) se o estudo é apenas da MAC, não podes concluir que «uma grande maioria de mulheres recorre à IVG como método contraceptivo»;»»
A MAC teria que ser muito atípica.
“uma grande maioria de mulheres recorre à IVG como método contraceptivo”
Ó Bruno que raio de comentário é este? Onde é que leste isto que escreves?
O que está escrito na notícia que linkas, e este é o único facto, é que a maioria das mulheres que abortam não usam contraceptivos. Não te parece razoavelmente óbvio? Estavas à espera de quê? Que fossem as mulheres que usam três ou quatro contraceptivos simultaneamente que engravidassem e que, consequentemente, quisessem engravidar?
“Que fossem as mulheres que usam três ou quatro contraceptivos simultaneamente que engravidassem e que, consequentemente, quisessem ?”
Embora entenda o que queres dizer, este “consequentemente” é um pouco assustador…
O que me parece que o dado apresentado diz é que a maioria das mulheres que aborta, sendo mulheres que não queriam engravidar, não usaram contraceptivos. A questão é: teriam usado contraceptivos se o aborto não fosse legal? Teremos que admitir que muitas provavelmente teriam tido mais cuidado se o aborto fosse ilegal, ou seja, vêem o aborto como um método contraceptivo de último recurso.
foi só para esse fim que se aprovou a lei… os outros já estavam consagrados na legislação que existia…
Caro Carlos Pinto Guimarães,
Dada a complexidade da psique não me parece que a resposta à sua pergunta seja tão óbvia quanto pensa. O mundo não é preto e branco.
Caro LA-C,
Esse ponto é essencial. Mas o Bruno faz pior: pega na amostra das mulheres que abortam e conclui sobre todas as mulheres dizendo que a maioria usa o aborto como contraceptivo.
Caro João Miranda,
Se a MAC é atípica não sei eu e imagino que o João Miranda também não saiba. E, como não sabemos, o rigor fica sempre bem.
“O que me parece que o dado apresentado diz é que a maioria das mulheres que aborta, sendo mulheres que não queriam engravidar, não usaram contraceptivos. ”
Carlos, mas isso não é absolutamente óbvio? Para abortarem é porque engravidaram. Se engravidaram, com uma imensa probabilidade, não usaram contraceptivos. Como é que se consegue fazer um filme com base nestas percentagens que são mais do que óbvias?
Digo-vos mais, se um dia os contraceptivos forem 100% fiáveis e os casais os souberem usar na perfeição, então concluirão, para vossa imensa surpresa, que 100% das mulheres que abortam não usam contraceptivo.
“O que me parece que o dado apresentado diz é que a maioria das mulheres que aborta, sendo mulheres que não queriam engravidar, não usaram contraceptivos.”
Carlos,
É preciso um desenho? Para uma mulher abortar é necessário que antes tenha engravidado. Se engravidou então, com toda a probabilidade, não usou contraceptivo. Daqui decorre que, obrigatoriamente, a imensa maioria das mulheres que abortam não usaram contraceptivo. Como é que se consegue fazer um filme à volta destes números mais do que óbvios é que não percebo.
Digo-te mais. Um dia que os contraceptivos sejam 100% fiáveis e que os casais os usem na perfeição, então concluirás, para grande desgosto, pelos vistos, que 100% das mulheres que abortam não usaram contraceptivo.
“A questão é: teriam usado contraceptivos se o aborto não fosse legal?”
Essa é uma boa questão. Duvido é que lhe consigas responder. Eu também não sei. Seria um estudo para ser feito com tempo. E tinha de ser um a estudo sério e bem feito. Infelizmente, caso a resposta seja sim, teremos um dos lados da barricada a ulular contra o estudo. Se a resposta for não, teremos o outro lado em histeria a clamar contra o estudo. De uma forma ou de outra, o que devia ser informação passará como propaganda. Como aliás se vê pelas reacções a uma notícia tão óbvia como esta.
LA-C,
“Para uma mulher abortar é necessário que antes tenha engravidado. Se engravidou então, com toda a probabilidade, não usou contraceptivo.”
Para uma mulher abortar é necessário que antes não tenha querido engravidar. Se não queria engravidar, com toda a probabilidade, usou contraceptivos.
A questão aqui é que um dos argumentos pela legalização do aborto foi a falibilidade dos métodos contraceptivos. Pelos vistos, os abortos não acontecem maioritariamente porque os métodos contraceptivos falham, mas porque o aborto é visto comoum método contraceptivo.
Nota: eu fui, e sou, a favor da legalização do aborto até às 10 semanas.
Não é “uma grande maioria de mulheres” que recorre ao aborto como método contracetivo. O que os dados dizem é que se aborta muito menos em Portugal do que noutros países europeus, o que deveria ser motivo de regozijo. É claro que quem aborta, é (em geral, há exceções) porque não usa contracetivos, pelo que os dados nada têm de surpreendente.
“Para uma mulher abortar é necessário que antes não tenha querido engravidar. Se não queria engravidar, com toda a probabilidade, usou contraceptivos.”
Sim, e em que é que isto contraria o que estou a dizer? (1) Dentro da mulheres que não queriam engravidar, a maioria usou contraceptivos. (2) Entre as que engravidaram, obviamente, em maioria estão as que nãos os usaram. Qual é a dúvida?
“existe uma grande maioria de mulheres que recorre à IVG”
Onde é que o Bruno chega a essa conclusão nesse estudo? Eles dizem que houve 9.667 abortos no 1ª semestre. Vamos assumir que que há 20.000 abortos por ano. Pelas minhas contas, há para aí 100.000 nascimentos por ano em Portugal. Onde é que está essa maioria de mulheres que recorre à IVG?
“Para uma mulher abortar é necessário que antes não tenha querido engravidar.”
Não, não é.
Sim, Miguel. há um grupo pequeno de mulheres que decide engravidar e 1 mês depois se arrepende por qualquer motivo. Deve ser um grupo irrelevante para a discussão…
A questão é: o facto de existirem mulheres que não querendo engravidar também não usam métodos contraceptivos e mesmo depois de abortar continuam sem os usar, demonstra ou não que o aborto é visto como método contraceptivo?
Seria interessante saber outros dados acerca das mulheres que recorreram a IVG. Por exemplo saber a quantidade de jovens inconsequentes ou de mães de varios filhos, entre outros elementos.
Não estarão a esquecer-se que ao falarmos de mulheres, de homens e de qualquer outro género intermédio, o que conta não são os bons exemplos que temos em casa ou no nosso círculo de amigos, mas sim a enorme maioria de gente a quem pura e simplesmente tanto faz se o nascituro vem a ser parido e acompanhado, ou se é deitado no caixote do lixo? Faz-vos falta, a todos, andar de transportes públicos para perceberem bem de que espécie de maralha são compostos os cadernos de eleitores.