Sobre o aumento do salário mínimo diz assim o director de um jornal económico:
“há economistas que são contra a existência de um salário mínimo. Porque está a fixar-se artificialmente um valor para as trocas no mercado de trabalho, não tendo em conta que há pessoas que podem aceitar trabalhar por menos e que as empresas vão criar menos empregos já que têm de pagar mais a alguns trabalhadores. Ou seja, está a prejudicar-se a eficiência do mercado e, logo, a provocar desemprego.”
O que me parece bem pois fixando, imaginemos, o ordenado mínimo em 2000 euros o que o Governo faz, em português simples, é obrigar as pessoas a produzir pelo menos 2000 euros por mês (mais na realidade devido à carga fiscal e ao lucro esperado pelo dono do capital). Quem não for capaz de cumprir esse objectivo de 2000 euros decretado pelo Governo fica obviamente fora do mercado de trabalho (uma vez que o dono do capital gosta, normalmente, de preservar esse capital).
Mas acrescenta o tal director executivo:
“Mas deixando a filosofia económica de lado, até porque em Portugal há salário mínimo, a questão que importa saber é qual é o valor adequado para as empresas.”
E assim reduz-se a economia a mera filosofia. Ao metafísico. Pergunto-me se a procura e a oferta serão também questões filosóficas ou realidades económicas mas se queremos filosofar sobre o ordenado mínimo podemos dizer simplesmente A é A. Podem dizer as baboseiras que mais convierem mas a realidade não se altera por isso.
Não param para pensar que o principal desemprego provocado pelo salário mínimo é o do emprego que não chega a existir sequer mas que poderia ter lugar sem a ilegalização de um acordo voluntário entre duas partes. Em especial, em todas as regiões que não auferem do rendimento per capita da capital.
“E assim reduz-se a economia a mera filosofia. Ao metafísico. Pergunto-me se a procura e a oferta serão também questões filosóficas…”
Caro Nuno Branco
Não vou dizer que é o seu caso, nem leve a mal o que lhe vou dizer, mas a verdade, é que já vi por aqui escrita muita coisa que também revela mais convicção filosófica do que ligação à vida real.
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E este assunto do salário minimo é um desses casos.
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“E este assunto do salário minimo é um desses casos.”
Portanto a questão do mercado de trabalho responder à procura e oferta como qualquer outro mercado é uma questão filosófica?
«(…) já vi por aqui escrita muita coisa que também revela mais convicção filosófica do que ligação à vida real.»
Uma visão antagónica entre a filosofia e a vida real só pode ser suportada por quem não conhece nem uma nem outra.
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A filosofia, como método reflexivo tem lugar aqui, como diria um bom “austríaco”.
Nenhum estudo empírico como o Pedro Lains tenta fazer, pode contrariar o raciocínio (filosófico) que impor um salário mínimo afasta quer mão-de-obra quer empresas cuja produtividade é inferior. Isso é visível claro nas zonas mais afastadas dos centros políticos e económicos onde esses salários mínimos tendem a ser fixados.
“Nenhum estudo empírico como o Pedro Lains tenta fazer, pode contrariar o raciocínio (filosófico) que impor um salário mínimo afasta quer mão-de-obra quer empresas cuja produtividade é inferior.”
Estamos de acordo na conclusão mas isso para mim é tão filosófico como dizer que F = ma … mas tu deves preferir A = A 😉
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