Camilo Lourenço (Jornal de Negócios)
Ao dizer o que disse, Constâncio fez (involuntariamente ou não) um grande “favor” ao Governo: preparou o caminho para, mais tarde, o ministro partilhar a culpa do aumento com o governador. Estilo “até o banco central diz que não há outra solução”. É escusado dizer que Constâncio cometeu um erro. Gravíssimo. Não porque vai ficar como co-progenitor do aumento de impostos. Mas porque, como banqueiro central, o seu dever é dizer ao Governo (e ao Parlamento) o óbvio: ou cortamos despesa pública, ou caminhamos a passos largos para o abismo. Basta lembrar aos deputados quanto vamos pagar de juros de dívida pública quando ela chegar a 91% do PIB. Daqui por um ano…
Leiam também este sério aviso do Pedro Braz Teixeira: “se não controlarmos as contas públicas, teremos uma catástrofe de proporções bíblicas”
Sobre este episódio…
Neste regime desgovernado
por colossal improficiência
este Governador enfunado
dá cabo da nossa paciência.
Devidamente encasacado
com peles de governante
nesse seu estilo escacado
de verbosidade lancinante.
As vozes prestimosas
há muito comprovadas,
com opiniões lastimosas
sobre políticas turvadas.
Agravando a factura
dos mais necessitados
destapa-se a fartura
daqueles mais abastados.
É tal a saturação
da carga tributária,
levando à sujeição
de forma sectária.
O rastilho explosivo
da dívida do Estado,
é um sinal efusivo
do país enquistado.
A implosão orçamental
é deveras ameaçadora,
a derrocada será brutal
e, de facto, devastadora!
Outra vez rectificado
e o buraco a aumentar,
um défice putrificado
por tanto desbaratar.
Uma dívida de milhões
para o buraco tapar,
trucidando os mexilhões
cansados de “lerpar”.
Ainda está para nascer
muita gente respeitosa,
que fará ruborescer
esta gentalha espantosa.
Enterrados em milhões
de défices gigantescos,
temos políticos trapalhões
com seus dons quixotescos.