Obama e o Irão

“O Candeeiro das Ilusões” de Fernando Gabriel (Díário Económico)

[O] presidente russo Medvedev (…) sugeri[u] no encontro com Obama em Singapura que a Rússia poderia não se opor a sanções ao Irão se as negociações diplomáticas em curso falharem. Antes de felicitarmos Obama pela descoberta da chave para o problema de segurança colocado pelo programa nuclear iraniano, convinha por precaução verificar se é mesmo da solução que se trata, o que exige responder a três questões. Será provável que o Conselho de Segurança da ONU aprove um regime sancionatório contra o Irão? Será possível aplicar eficazmente um hipotético conjunto de sanções económicas? Qual a resposta estratégica mais provável do Irão?(…)

Na eventualidade improvável de aprovação de sanções económicas, os apologistas da ideia supõem que o bloqueio eficaz da importação de combustíveis pelo Irão diminuirá o risco de guerra. Na verdade terá o efeito contrário. Quanto maiores forem as dificuldades económicas, mais intensa será a actividade das matilhas de terroristas que o Irão alimenta carinhosamente por todo o mundo. No limite, o Irão detonará o equivalente a uma bomba nuclear no centro da economia mundial: o bloqueio através de minas do estreito de Ormuz, o que provocará o confronto militar directo com as forças navais americanas. Além disso, os israelitas sabem que as promessas de leste não serão cumpridas e não vão aguardar pelo final do baile de máscaras para agir militarmente: é a sobrevivência enquanto nação que está em causa.

O dilema de Obama é o mesmo dos seus antecessores ideológicos progressistas e pacifistas: promover a segurança exige a ameaça credível de recurso à força e manter a paz pode exigir fazer a guerra. A Liga das Nações foi incapaz de resolver este dilema, com consequências históricas conhecidas; Obama continuará a preferir a luz equívoca dos candeeiros ocasionais à procura de soluções para os problemas de segurança que enfrenta.