Coisas normais numa Economia Mista

“Face às dúvidas fortes que neste momento estão instaladas na sociedade portuguesa, é importante que os responsáveis da empresa de telecomunicações expliquem aos portugueses o que está a acontecer entre a PT e a TVI. É uma questão de transparência.”

Assim falou hoje o Presidente da República.

Eu fico sempre espantado pelo burburinho recriminatório que se ouve de cada vez que os governantes do momento usam as empresas estatais ou influenciam a gestão de participadas pelo estado para atingir objectivos que, à falta de demonstração, não parecem aumentar o valor de tais organizações.

O meu espanto é acrescido por nunca em tal altura, as vozes mais exaltadas, se lembrarem da solução ou pelo menos da panaceia mais óbvia: a privatização de tais empresas.
Estarei mais surdo que o habitual ou, entre ontem e hoje, já alguém propôs o fim das “golden shares” estatais?
Claro que não seria suficiente: dado o peso do estado como consumidor é natural que, ainda assim, algumas organizações tendam a não querer contrariar quem pode vir a decidir sobre negócios onde participem. Mas seria um bom começo.

4 pensamentos sobre “Coisas normais numa Economia Mista

  1. Clara França Martins

    ||| Porta-vozes.
    No rescaldo das eleições europeias, o PS decidiu mudar de porta-voz. E o PSD, também. Cavaco Silva, assumindo claramente a posição de porta-voz do PSD, veio hoje fazer declarações sobre os negócios da PT sobre a TVI, repetindo o que Manuela Ferreira Leite disse ontem em entrevista à SIC. Não está em causa o acerto ou desacerto do negócio, assunto que deve ser discutido e esclarecido pelos partidos políticos. Está em causa o desacerto do presidente da República ao envolver-se de corpo e alma, sem subtilezas, nas eleições legislativas. E se o tiro lhe sair pela culatra, renuncia ao cargo?

  2. José Barros

    Está em causa o desacerto do presidente da República ao envolver-se de corpo e alma, sem subtilezas, nas eleições legislativas. E se o tiro lhe sair pela culatra, renuncia ao cargo? – Clara França Martins

    Ou seja, o presidente deve assistir calado a uma tentativa de governamentalização indirecta de um canal de televisão privado para se abrigar de críticas de associação aos partidos de oposição (porque todos defendem que o negócio deve abortar). Pois.

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