É o que o país precisa, na ressaca de uma binge memorável que fez o endividamento líquido externo português aumentar mais de 600% em nove anos. Por isso, caro João, é que é preciso ter cuidado no lançamento de mega obras públicas; pois pode ser que o sector privado, que está agora mais inclinado para reduzir a sua dívida do que para investir, também não possa investir no futuro, quando estiver sobrecarregado de impostos para pagar toda a dívida pública agora incorrida pelo sector público. Não vês aqui o iminente ciclo vicioso? Antes tropa fandanga, supostamente não-respeitável, do que cheerleader do mergulho no precipício, ou não?
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Este é um daqueles comentários certeiro. Permita-me apenas que tente fazer uma tentativa de clarificação do seu argumento:
Quando analisamos o impacto de um previsível aumento da carga fiscal que incida sobre os empresários deveremos ter em consideração, não só o impacto no futuro aquando da sua aplicação, mas também no presente. Isto é, se os empresários esperarem por um aumento da carga fiscal que incida sobre o seu rendimento no futuro, então a taxa de retorno esperada do investimento realizado hoje diminuirá. Isto deverá fazer com que hoje os empresários invistam ainda menos do que aquilo que investiriam no caso de não haver o aumento da despesa pública. Ou seja, o efeito clássico de crowding out.
E isto para não falar de outros efeitos (no rating do país, na oferta agregada, na tributação distorcionária, na competição fiscal internacional, etc.).
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