No último ‘Descubra as Diferenças’ falou-se dos actos de pirataria na costa da Somália e também das manifestações que fazem tremer o regime político na Tailândia. O que têm em comum assuntos tão diversos? O Índico. O terceiro maior oceano que, conforme Robert D. Kaplan explicou neste artigo na Foreign Affairs (artigo disponível apenas para assinantes), vai ser indispensável para perceber o século XXI. De acordo com Kaplan, que prepara um livro sobre o tema, o Índico irá, com os portos, gasodutos, canais, estradas e caminhos de ferro que estão ser construídos em terra para ligar o litoral ao interior, ser o centro o novo centro do continente asiático. Com a rivalidade entre a Índia e a China ao rubro, no que diz respeito à corrida ao armamento e na busca de aliados. Kaplan sugere ainda que o papel dos EUA, no meio desta confusão, seja idêntico ao da Inglaterra quando começou a perder o domínio dos mares: Ser mais indispensável que dominante. Servir de árbitro. Estar perto dos actos de pirataria deste mundo e vigiar os choques das potências emergentes.
Eu não percebo nada de transportes marítimos, mas parece-me que a pirataria na costa da Somália tem muito pouco a ver com a Índia e a China. Esses países têm pouco que se preocupar com o assunto.
A maior parte dos navios que passam pela costa da Somália não tem como origem nem destino a Índia nem a China, suponho, mas sim a Arábia ou o Golfo Pérsico, e a Europa (através do canal de Suez).
Já ouviu falar do Golfo de Aden?
Já agora, saber porque razão tanto a marinha indiana como a chinesa já realizaram acções contra os piratas naquela zona?
O Golfo de Aden é importante porque dá acesso ao Canal de Suez.
Mas, para a Índia e a China o Canal de Suez não é muito fundamental (penso eu de que…). O petróleo desses países vem do Golfo Pérsico, não passa por ali. E as exportações desses países destinam-se sobretudo aos EUA, também não passam tanto por ali.
O Canal de Suez é muito mais importante para a Europa, dado que o petróleo dela passa por lá.
Como queira.
Luis,
Pela Costa da Somália passa todo o comércio marítimo da china com a Europa, Norte de África e, não menos importante, Sudão. É também uma rota importante para o petróleo vindo da Arábia Saudita, porque na costa oeste estão dois dos mais importantes portos da arábia Saudita: Jeddah e Yanbu.
Estás engando Carlos. As rotas são só num sentido. Quanto eles querem ir buscar petróleo vão por uma rota mais longa.
Carlos,
você certamente sabe mais de Arábia Saudita do que eu. Mas, como ambos sabemos, o petróleo da Arábia Saudita vem todo da costa leste do país, da região do Golfo Pérsico (e, em pequena quantidade, de campos na região de Riade, no centro do país, e do deserto perto de Oman, no sudeste). Eu sei que há oleodutos que atravessam a Arábia e conduzem o petróleo da costa leste para Jeddah. Mas duvido que seja aí que os navios-tanque chineses se vão abastecer, à costa oeste da Arábia, uma vez que têm a costa leste mais perto.
Quanto ao comércio da China com a Europa e a África do Norte, estou de acordo consigo, claro. Só disse é que esse comércio é, no total do comércio chinês, relativamente menor. (E não me admiraria que uma parte dele atravessasse o Pacífico e passasse antes pelo canal do Panamá.)