Proteccionismo e o G20 (2)

Luciano Amaral no Gato do Chesire

A frase beata por estes dias é: “não ao proteccionismo!” Parece-me que não custa muito ver que o proteccionismo já está entre nós: o que são os vários programas de apoio nacionais a esta e àquela indústria ou os apoios condicionados à não-deslocalização (tipo Sarkozy) senão formas de proteccção dos sectores nacionais? Têm a vantagem e a desvantagem de apenas serem formas implícitas de proteccionismo. Mas não vale a pena fingir que não existem e continuar a professar uma liberdade de comércio apenas de lapela.

10 pensamentos sobre “Proteccionismo e o G20 (2)

  1. Luís Lavoura

    Protecionismo não é não-deslocalização. Protecionismo são tarifas, restrições à importação, ou apoios e subsídios que distorcem a concorrência. A proibição da deslocalização não é protecionismo, na medida em que não prejudica nem impede o comércio.

  2. Quando tentam impedir o comércio internacional alegando a curiosa noção de “dumping social” são proteccionistas? E quanso usam a mesma desculpa para tentar evitar deslocalizações?

  3. Luís Lavoura

    Num sentido estrito, protecionismo é impedir a liberdade comercial. Impedir os fluxos de capital não é protecionismo. Pretender restringir a imigração ou reservar os empregos para trabalhadores nacionais também não o é. Mas impedir a liberdade cmercial alegando “dumping social” é protecionismo, claro.

  4. JoaoMiranda

    ««Num sentido estrito, protecionismo é impedir a liberdade comercial. Impedir os fluxos de capital não é protecionismo.»»

    Proteccionismo é proteger as empresas nacionais contra as estrangeiras. É irrelevante se isso se faz com tarifas ou com subsídios. Os subsídios são uma taxa negativa sobre a produção nacional, o que em termos de concorrência é equivalente a uma taxa positiva sobre os produtos estrangeiros.

  5. “Impedir os fluxos de capital não é protecionismo. Pretender restringir a imigração ou reservar os empregos para trabalhadores nacionais também não o é. ”

    Claro; as expressões “mercado de trabalho” e “mercado de capitais” é que se apropriaram indevidamente da palavra mercado que carrega consigo também um sentido comercial.
    Por isso são conceitos que não devem ser tidos em conta quando se fala de restrigir a
    “liberdade comercial”.

  6. Luís Lavoura

    Da wikipedia:

    “Protectionism is the economic policy of restraining trade between states, through methods such as tariffs on imported goods, restrictive quotas, and a variety of other restrictive government regulations designed to discourage imports, and prevent foreign take-over of local markets and companies. This policy […] contrasts with free trade, where government barriers to trade are kept to a minimum. […] protectionism refers to policies or doctrines which “protect” […] a country by restricting or regulating trade with foreign nations.”

    Não há aqui qualquer mênção a o protecionismo impedir as deslocalizações ou o emprego de trabalhadores emigrantes. O protecionismo refere-se apenas ao impedimento de comércio entre países.

  7. Mesmo considerando a Wikipedia como a fonte das fontes, no mínimo a sua interpretação do que cita é bastante restrita.

    Diga-me uma coisa, por favor. Quando argumenta:
    “O protecionismo refere-se apenas ao impedimento de comércio entre países.”

    Refere-se só a bens físicos (mercadorias que estão num armazém, passíveis de contagem de stock) ou considera também o comércio de serviços?

    Se a prestação de serviços implicar a deslocalização de uma equipa de prestadores desse serviço às instalações do comprador (construção civil ou engenharia, p.ex); se ambos forem de países diferentes; se existirem limitações legais/administrativas de movimentações de trabalhadores; se existirem limitações legais/administrativas para os prestadores levarem capitais para fora (resultante pagamento aos prestadores)estamos ou não perante proteccionismo (no mercado de trabalho aos trabalhadores locais e no mercado de capitais impedindo a sua deslocalização)?

  8. Pingback: Proteccionismo e o G20 (3) « O Insurgente

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