O Bernardo reafirmou aqui a importância da Europa e que esta “não deixa de ser considerada estratégica na política de alianças norte-americana.” Certíssimo. Mas o sentido da minha observação era outro. Vejamos o seguinte: Obama vem à Europa em Abril, para os 60 anos da NATO e para a cimeira dos G20. Terá na sua agenda a política financeira e a continuação de uma aliança militar que para muitos (entre os quais não me incluo) já não tem utilidade. A Europa, para os EUA, está terminada. Não no sentido de ter acabado, mas de estar pronta. Pronta para os desafios dos próximos anos e longe dos conflitos do passado. Para os norte-americanos, as razões que deram origem a tantas preocupações no século XX estão ultrapassadas ou não são prioritárias.
O mesmo não se passa com a Ásia que se aproxima de grandes mudanças que só o crescimento de uma grande potência como é a China poderia criar. Os EUA têm fortes aliados na região, mas que (em parte fruto da estratégia bilateral que foi levada a cabo no pós-1945 na região) têm poucos interesses em comum que não seja a ameaça chinesa. É, aliás, esta a zona do globo que está mais ansiosa com as mudanças que a administração Obama, quando diz estar pronta a conversar com todos, pode trazer.
Tanto a Coreia do Sul como o Japão estão nervosos com a forma como os EUA vão lidar com a Coreia do Norte; apreensivos com o que Hillary Clinton vai dizer em Beijing; receosas das medidas proteccionistas que Washington poderá tomar contra os produtos asiáticos; com medo de serem esquecidos numa aproximação bilateral (como referi acima, muito habitual na forma como os EUA lidam nesta região) EUA-China. Todos têm terror só de imaginar até onde pode chegar a política rearmamento que a China tem seguido nos últimos anos.
É por estas razões que o que vai suceder na Ásia (principalmente naquela zona do Mar da China) será da máxima importância, requererá a toda a nossa atenção e exigirá o máximo dos cuidados. Os EUA (e o Ocidente com eles) não podem correr o risco de, querendo agradar ao maior número possível de actores, desagradar a todos, perdendo, assim, os fortes aliados que ainda tem na região.
“Os EUA (e o Ocidente com eles)…”
Caro André
Qual Ocidente?
Eu acho que a Europa ainda não reparou, mas parece-me que os EUA fizeram rodar o Globo e o centro do Planiferio está agora no Pacifico, pelo que o “Ocidente” agora é a India, o Japão, a Austrália, etc.
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Perdoem o cepticismo, mas tenho a impressão ( estive quase a escrever convicção…) de que os USA perderam a capacidade , por causas endógenas, de fazer rodar o que quer que fosse.
Talvez seja uma enormidade o que vou dizer, mas julgo que o interesse primordial ( e quase imediato) dos states é manterem-se united.
A partir de Março iremos viver tempos interssantes.
E a (des)propósito : Hillary na pele de Iago?…
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caro andré, aconselho a leitura do livro do mentor e dono de obama, o sr zbigniew brzezinski, the grand chessboard, irá perceber que aos EUA a Europa e a Nato interessam e muito….
mas tb concordo consigo nesse ponto de que a NATO já está a mais.
JJPereira.
Nâo é enormidade nenhuma,jà vàrios Estàdos tem uma percentagem bastante grande para sair da United.É sò a bandeira que os mantem Unidos.Foi éssa a ideia do Durâo,as bandeiras Portuguesas nas janélas,com o força Portugal,fazia o seu negòcio,a experiênça que ele trouse dos States,mas nâo contava com a imaturidade do Bush,o unico homem que dormia encostado ao ombro de deus,nem com a arrogancia do Sarcozi!!Michael More jà o disse que a història dos subprimes foi uma das maiores vigarices cometidas depois vàrios séculos ,o puzzele vai acabar com vàrias naçôes na América do norte.
O primeiro ministro chinês em Davos disse muito claramente que é conveniente que quem empresta seja bem tratado. Money Talks!