Sai mais uma mini, com um prato de tremoços, faxavor

Meu caro RMD,

“O Rodrigo Adão da Fonseca (…) diz que a falência da Lehmans vai apenas afectar os seus accionistas, clientes e fornecedores. Nomeadamente os donos do banco (…). Tenho a certeza que, para fazer esta afirmação, tem acompanhado a evolução positiva dos produtos da Lehmans e que avaliou – com eficácia – a exposição de vários mercados aos mesmos (…) Eu, que percebo de touradas, achei ingenuamente que se os depósitos estivessem garantidos por activos da instituição, esta teria sido comprada. Também achei, ingenuamente, que se os activos da Lehmans chegassem para cobrir as dívidas o banco simplesmente não teria falido”.

Quem diz que os depósitos estão garantidos, não sou eu, é a SEC (aqui). Podes confirmar também aqui que o problema da garantia de depósitos está salvaguardado (onde podes também constatar que os activos da Lehmans serão suficientes para cobrir essas responsabilidades).  Muitos destes valores nem sequer estão no activo ou no passivo das empresas do universo Lehman, são propriedade de terceiros à guarda do Lehman e das suas subsidiárias (que não estão abrangidas pelo pedido de falência).

De facto, há ingenuidade – sendo simpático – nestas tuas frases. Afirmar que a existência dos depósitos é a componente que define a possível compra de um banco de investimento como o Lehman é das frases mais delirantes que tenho lido sobre estas coisas: para te facilitar, imagina, falando em linguagem marialva, é como alguém aparecer a fazer uma pega de caras vestido com um pijama de ursinhos, pantufas, e boné do pai natal!

Espera-se que algumas das unidades de negócio possam ser rentabilizadas e vendidas, e que outros activos do Lehman servirão para cobrir algumas dividas, mas não todas as responsabilidades (eu não escrevi nada próximo que os passivos e os activos se equiparam). Agora, as falências servem também para protecção dos credores, fazendo a sua hierarquia. Ao que consta, o lado negro desta falência recairá sobre os obrigacionistas, que apenas irão ser ressarcidos de parte do capital, e os accionistas, que provavelmente não vão receber nada.

No meio de tudo o que dizes, numa coisa acertas: não percebes nada disto; agora, não te preocupes, não é por isso que deixas de ser um tipo impecável, e um dos melhores bloggers da praça. Mas, está visto, o teu campo de eleição não é, definitivamente, este.

PS: Grave para a economia real seria uma eventual falência da AIG, pelas características do negócio e pela sua dimensão.

2 pensamentos sobre “Sai mais uma mini, com um prato de tremoços, faxavor

  1. “Grave para a economia real seria uma eventual falência da AIG, pelas características do negócio e pela sua dimensão.”

    portanto a nacionalização da mesma pelo FED é um bem?

  2. Pingback: I rest my case « O Insurgente

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