No país dos rodinhas

Gosto imenso de ler o que escreve o RMD, tem sempre imensa graça, no seu estilo social-marialva, mas devia evitar escrever sobre certos temas. É que, nos últimos dias, constata-se que percebe tanto de mercados financeiros como eu de touradas. Por isso eu não escrevo sobre touradas.

Quando, hoje, com um tom sapiente, afirma que “a ideia de que os mercados se regulam sozinhos foi enterrada ontem”, só posso concluir que o RMD vive no país do rodinhas, nesse mítico espaço ideal, bem diferente daquele onde os mercado existem. Para começar, gostava eu de saber onde é que há mercados que se regulam sozinhos. Depois, gostava também que me explicassem porque é que uma falência representa uma falha de mercado (ao ponto de se passar uma certidão de óbito à autoregulação). É sabido, a SEC já anunciou que os depósitos na Lehman estão garantidos. Quem vai sofrer as consequências da falência são os accionistas, ou quem apostou em produtos da Lehman, com risco. Admite-se que os activos da Lehman sejam suficientes para cobrir as dividas a fornecedores, embora, só no final seja possível confirmar se isso é ou não verdade. Muitos fornecedores vão perder o seu cliente. Agora, o risco é isso mesmo, é a possibilidade de o negócio não ser maximizado e, no limite, ir ao charco. Só negociou com a Lehman quem quis. Ficava preocupado se a falência não tivesse ocorrido, e entretanto os depósitos desaparecessem: aí sim, haveria uma falha de mercado, teria havido lacunas no exercício da regulação. Agora, numa falência?

2 pensamentos sobre “No país dos rodinhas

  1. CN

    As pessoas sabem (deviam saber) que depositando estão a conceder crédito ao Banco (embora para mim seja claro que isso seja uma deturpação do termo “Depósito à Ordem”). Porque é que o desaparecimento de depósitos seria uma falha de regulação (existem muitos bancos que não participam no sistema de “seguro” de depósitos)?

    A única falha de regulação que existe é a de ausência de limites no crescimento da massa monetária. O socialismo monetário e os bancos Centrais são o culpado a apontar em casos sistémicos.

  2. António Carlos

    Concordo plenamente.
    Aliás não percebo sequer porque é que a notícia da falência da Lehman ocupa tanto espaço nos noticiários, tanta discussão na blogoesfera, comunicados das entidades reguladoras, causa quedas acentuadas nas bolsas financeiras mundiais, …. É tudo normal. Não há nada para ver. Toca a circular!

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