A “opinião pública” portuguesa é engraçada. Somos o país da UE onde menos exercício se pratica – a maioria dos “tugas” são sedentários, adoram mas é o zapping ou levantamento da cerveja – poucos gostam genuinamente de desporto. Embora o bigode esteja em crise, o português típico continua, por tudo e por nada, a arrotar postas de pescada, enquanto exibe uma magnífica e imponente barriga, a que chama com orgulho, “a curva da felicidade”. Ainda ontem, a SIC Notícias massacrou-nos a noite inteira, nos seus vários noticiários, com o passeio na areia de Alberto João Jardim, em Porto Santo, acompanhado de um bando de acólitos, todos exibindo com orgulho uma enooorrrmeee acumulação de gordura abdominal, no fundo, a metáfora do português médio, o verdadeiro chefinho de barriguinha imponente, que só se mexe para ir espreitar as “gaijas”, aproveitando o passeio para resmungar…
Não sei porque carga de água, o país dos chefinhos e do zapping e do taxista-deputado convenceu-se que ia ser rei das medalhas. Como, afinal, os atletas – que se deixaram levar pela onda nacional de entusiasmo – frustraram as expectativas, passaram de Deuses do Olimpo a bestas, e alvo da chacota geral.
Pode haver, na delegação, quem tenha negligenciado a sua participação, mas esses casos serão, à partida, a excepção, e não a regra. Todos os que lá estão fizeram algo para merecer a participação. No final dos Jogos, faça-se uma avaliação, por quem de direito. Quem negligenciou, que seja penalizado. E, já agora, glória aos esforçados. O que é ridículo é ouvir repórteres a insinuar que Vanessa Fernandes falhou o ouro, quando, pelo contrário, ganhou a prata com brilhantismo. É patético que Gustavo Lima, com um quarto lugar, não sinta o nosso apoio, pois ninguém mais do que ele em Portugal lutou no mar durante dias para conseguir melhor.
É triste constatar que o país está cada vez mais míope, alienado, que vive de ilusões de grandeza sem esforço. É preocupante que tanta gente tenha perdido a noção das nossas limitações – desde logo, próprias de um país pequeno e periférico, sem grandes recursos – e que, em vez de procurar, sem dramas, combatê-las no dia-a-dia, opte sistematicamente por uma atitude passiva de queixume e má-língua.
José Sócrates regressa de férias, e oferece-nos mais uma sessão de auto-elogio da sua enorme capacidade de criar emprego … na inauguração de um call-center(?)…
Não são só os socialistas, mas a generalidade dos portugueses, que são personagens “exóticas”…
“Não sei porque carga de água, o país dos chefinhos e do zapping e do taxista-deputado convenceu-se que ia ser rei das medalhas. Como, afinal, os atletas – que se deixaram levar pela onda nacional de entusiasmo – frustraram as expectativas, passaram de Deuses do Olimpo a bestas, e alvo da chacota geral.”
Caro RAF
Não confunda vc também o País real com o que se publica nos jornais, na televisão ou na Net.
Viu alguma bandeirinha nas janelas?
Os portugueses estão de férias e estão-se nas tintas para os Olimpicos.
Por isso ninguém passou de bestial a besta, excepto aqueles que fizeram por isso, e esses tem o que merecem
O da “caminha”, a que disse mal da arbitragem, etc. e mesmo esses, só na tal realidade paralela dos meios de comunicação.
Nisto tudo só tenho pena do Gustavo Lima.
Não sei porque é foi tomar as dores dos outros.
Esperemos que lhe passe.
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“José Sócrates regressa de férias, e oferece-nos mais uma sessão de auto-elogio da sua enorme capacidade de criar emprego … na inauguração de um call-center(?)…”
Isso sim é o cúmulo do ridículo.
Apesar de desprezar profundamente a personagem, aquela prestação até me deixou constrangido.
Não haverá um consultor de imagem que lhe diga que aquilo é patético?
Ou aquilo representa o que eles pensam dos Portugueses ?
É que aqui não há muitos anos a PT noticiava como um grande desenvolvimento da sua estratégia a colocação dos call-center em … Cabo Verde.
Os Americanos tinham a Índia e nós tínhamos Cabo Verde, que parece que fica lá para os lados de Santo Tirso.
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Caro Mentat,
“Não confunda vc também o País real com o que se publica nos jornais, na televisão ou na Net.
(…)
Os portugueses estão de férias e estão-se nas tintas para os Olimpicos.”
Acha que eu vivo ligado nos jornais, na tv e na net? As pessoas conversam, almoçam juntas, vão à praia, saem à noite. Sabe qual é o principal tema em cada canto do país?
É este o pais que temos… A emigração é cada vez mais um cenario apetecivel…
http://takea-break.blogspot.com
A gordura abdominal não é uma metáfora do português médio; é um requisito absolutamente indispensável, um modelo. Aliás, do médio, no sentido de assim-assim, mas também do mais acima e ainda do mais abaixo. Todos aqueles, em suma, que só chegam a qualquer lado depois de se fazerem anunciar pelo próprio umbigo – o componente que mais exaltam na sua anatomia. Uma relação de causa e efeito, por conseguinte.
“As pessoas conversam, almoçam juntas, vão à praia, saem à noite. Sabe qual é o principal tema em cada canto do país?”
Caro RAF
Efectivamente em cada canto não sei, e deduzo que cada um de nós só sabe do seu canto.
Eu por mim, e faço tudo isso que acima descreve cá no meu cantinho, só ouço falar do tema como reacção ao que se ouve na televisão, mas não é tema que dure muito.
Mas admito que o problema pode ser do meu canto :).
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Caro Mentat,
Certo, certo. Não faço questão no meu ponto de vista. Em qualquer caso, o assunto está na ordem do dia, quer queira, quer não.
Ab
RAF
Portugueses “exóticos” é o que por aí mais há.O Império cá dentro e por nossa conta não faz discriminações nenhumas.Uma quadrilha em cima precisa de muitas em baixo…