Em 2002 Vítor Baía era o guarda-redes titular da selecção apesar de ser evidente para todos que o melhor jogador para a posição na altura era, de longe, Ricardo. Com o apoio incondicional de um selecionador amigo, António Oliveira, Vítor Baía foi sempre titular. Após a saída de António Oliveira, Agostinho Oliveira, primeiro, e Scolari, depois, optaram por não o convocar em vez de o colocar na posição que mereceria na altura: o banco de suplentes. Foi uma injustiça, para alguém que tinha servido a selecção durante
tantos anos passar da condição de titular a não convocado de forma imerecida.
Hoje a história parece repetir-se com outros protagonistas. O mais curioso é notar que a generalidade daqueles que tanto reclamaram com a primeira injustiça, se sintam agora tão satisfeitos com a sua repetição.
apesar de ser evidente para todos
para quem????
Em 2002, a opinião geral era de que Vítor Baía não merecia a titularidade da selecção, principalemte após as exibições no mundial da coreia.
a opinião geral 😀
Carlos, essa sempre foi a “opinião geral”, de 89 a 2004.
2002/2003 – Taça UEFA
2003/2004 – LC
Bocejo.
Vítor Baía foi o melhor guarda-redes da Europa em 2003/04. Por outro lado, os frangos de Ricardo custaram-nos o título europeu em 2004 e 2008
Falar na “opinião geral” é algo marxista, meu caro.
Em qualquer caso, Vítor Baia, titular ou suplente, tinha lugar na selecção a seu tempo, e foi sacrificado precisamente no ano em que foi titular do clube, por acaso, campeão europeu, depois de na época anterior ter sido titular do vencedor da UEFA, em ambos os anos campeão de Portugal.
Já Ricardo foi responsável por monumentais frangos no Europeu de 2004, no Mundial de 2006, e voltou a ser “enterra” em 2008, ele que nem titular foi do quase despromovido Bétis de Sevilha na época 2007-2008.
A lagartagem a fazer paralelismos é de uma parcialidade só vista…
Caro Carlos,
“O mais curioso é notar que a generalidade daqueles que tanto reclamaram com a primeira injustiça, se sintam agora tão satisfeitos com a sua repetição.”
Você dá as pistas no post, mas depois erra na conclusão. O curioso não é verificar agora a satisfação com o facto do Ricardo não ser convocado. O curioso foi não ter existido reclamação aquando do mundial de 2002.
“Em 2002, a opinião geral era de que Vítor Baía não merecia a titularidade da selecção, principalemte após as exibições no mundial da coreia.”
Discordo. O problema de Baia não foram as exibições no mundial, o problema foi que durante toda a qualificação tinha sido Ricardo o titular e Baia tinha passado grande parte das épocas 2000/2001 e 2001/2002 lesionado ou suplente. Chegado ao Mundial, o Oliveira quase sem justificação mete o Baia como guarda-redes titular devido a uma única exibição, se não me falha a memória, num jogo particular contra a equipa mediocre da China.
Já agora, e para concluir a discordância:
“Após a saída de António Oliveira, Agostinho Oliveira, primeiro, e Scolari, depois, optaram por não o convocar em vez de o colocar na posição que mereceria na altura: o banco de suplentes.”
O problema não foi só esse. O problema foi que Baia no pós-mundial 2002 demonstrou inequivocamente ser melhor guarda-redes do que o Ricardo, sendo certamente o mais qualificado para ocupar a titularidade da selecção nacional no euro 2004 e mundial 2006.
Já agora, não percebo o porquê do Helder e do RAF puxarem dos titulos do Baia para fazerem valer o argumento de que o Baia era melhor que o Ricardo. Os titulos explicam alguma coisinha, mas ficam longe de explicar o mais importante. Ou nos anos em que o Michel Preud´Homme passou pelo Benfica deixou de ser bom guarda-redes?
Declaração de interesses: adepto benfiquista.
A forma como eu me recordo do que aconteceu:
1. Em 2001, Vitor Baía teve uma lesão que levou a generalidade das pessoas a pensar que ele iria abandonar a carreira (desculpem lá o termo generalidade :))
2. No Mundial de 2002, Vitor Baia é o Guarda-redes titular em detrimento de Ricardo, apesar de vir de uma lesão e nem sequer ter participado nos jogos de qualificação para o Mundial e tem uma exibição inacreditável no jogo que deverá ter ditado o afastamento de Portugal: o 3-2 contra os EUA
3. Alguns meses mais tarde, nesse mesmo ano, já Baía tinha deixado ser convocado por Agostinho Oliveira, perdeu a titularidade no FCPorto por algumas jornadas por causa de um desentendimento com Mourinho
4. Em 2003 e, principalmente, 2004 viria a estar em alta novamente, mas continuou sem ser convocado
P.S.: Na biografia de Vitor Baia na wikipedia sobre o Mundial de 2002: “Nessa competição, Baía foi titular, quando se esperava que fosse Ricardo, jovem guardião do Boavista, a defender as redes da selecção, pois este tinha sido titular nos últimos cinco jogos da fase de apuramento (nos primeiros cinco, o titular era Quim).”
Abraços (benfiquistas)
Lampião cita wikipédia, essa grande enciclopédia, simbolo do rigor…
Creio que o lampião e a wikipedia retratam os factos tal como eu me lembro deles…
Caro Migas lagartão,
Baía foi um excelente guarda-redes, e mereceu bem o lugar no Mundial de 2002 (não foi por causa dele que as coisas não correram bem).
Como merecia ter sido um dos três guarda-redes em 2004 (convém lembrar que Scolari levou o 3.º guarda-redes do Porto, se o objectivo não era afrontar, então não sei o que era). A tua memória anda selectiva…
Caro Rodrigo tripeiro,
Não questiono que o Baía tenha sido excelente em várias fases da sua carreira. O ponto é que para o mundial de 2002 não era o caso. Os empurrões de bola para a frente com ar amaricado durante o Portugal-EUA não ajudaram a melhorar percepção de que os seus melhores dias estavam no passado. Quando Baía não foi convocado nas primeiras partidas da fase Scolari, isso foi, portanto, normal.
Independentemente de Baía ter vindo depois a subir de forma, a guerrilha que foi montada a Scolari pelas primeiras não-convocações criou o contexto para as posteriores não-convocações. É evidente que a convocação do Bruno Vale foi uma provocação. Quem não se sente não é filho de boa gente…
Caro RAF,
“Baía foi um excelente guarda-redes, e mereceu bem o lugar no Mundial de 2002”
Mereceu? A convocação ou a titularidade? E com base no quê? Nos 17 jogos que participou pelo FCP em 68 possíveis na época 2000/2001 e 2001/2002?
Uma descrição (datada de 2004) que corresponde exactamente com a que fiz no meu comentário:
http://www.maisfutebol.iol.pt/noticia.php?id=455907
“Se agora se estranha a ausência de Vítor Baía na selecção também se estranhou a aposta de António Oliveira no guarda-redes do F.C. Porto no último Mundial. Não fez nenhum jogo durante a fase de qualificação, por culpa das sucessivas lesões, mas mereceu a confiança do seleccionador nos três jogos da fase final. A discussão foi acesa e conturbada. Mas nada feito. Ricardo foi o elo mais fraco e vítima de uma exibição fantástica do seu rival, no particular com a China, antes do Campeonato do Mundo.”
Noticia de 2002 que confirma a história:
http://tsf.sapo.pt/PaginaInicial/Interior.aspx?content_id=735968
“Vítor Baía deverá ser o titular das redes portuguesas, na estreia da selecção no Mundial 2002. A exibição do guardião frente à China vale-lhe a titularidade, apesar do bom momento que Ricardo também atravessa.”
Mas está a ver Carlos, como tenho razão, e que o curioso foi não ter existido reclamação aquando do mundial de 2002. O RAF demonstra estar convencido que a titularidade de Baia foi merecida. Talvez porque, e pegando nas palavras do actual seleccionador nacional, na altura existissem lugares marcados na selecção. E importa perceber o quanto os clubes nacionais influenciavam esses mesmos lugares. Porque também não me esqueço da vergonhosa preferência do então seleccionador por João Vieira Pinto em relação a Rui Costa.