Tenho lido e ouvido muitas críticas a Obama por ele esconder a sua mensagem. Quais as suas políticas? Onde está seu programa? Como se o seu programa e as suas políticas, aquilo em que Obama acredita não fosse do conhecimento público e uma campanha eleitoral não servisse, acima de tudo, para mostrar o homem que é candidato. Como não fosse a campanha de Obama uma das mais bem sucedidas da história , precisamente, por ter conseguido ‘vender’ na perfeição a imagem do homem certo, no lugar certo, no tempo certo. Tão acertadamente certo que é unanimemente aceite que, se não for agora, depois já será tarde. Que é agora ou nunca.
Que as oportunidades não se repetem.
Estou do lado de Obama? Não. Torci por Ron Paul para que as suas ideias tivessem a projecção possível em Portugal. Prefiro McCain a Obama. Mas o senador do Illinois tem consigo a feição do tempo. Aglomera em si todos os símbolos de como se muda o que precisa ser alterado. É como se tivesse atrás de si o vento da história, uma imagem que pesa muito quando são milhões que votam. Se Hillary é a candidata anti-Bush, Obama é o democrata que ultrapassa esta dicotomia. Aquele que nesta campanha falou para além do mandato do actual presidente.
Se Obama resistir ao embate da super terça-feira, como as sondagens parecem indicar que vai (esperam-se surpresas na Califórnia, Missouri, New Jersey, Arizona e no Alabama), a escolha será adiada para a Primavera. Pouco o conseguirá parar. Nem Bill Clinton. Talvez McCain e esse, só em Novembro.
“esperam-se surpresas na Califórnia, Missouri, New Jersey, Arizona e no Alabama”
Se se esperam, como e’ que sao surpresas se sucederem?
🙂
LA-C, está bem visto. Mesmo assim não deixaram de ser surpresas se tivermos em conta que nos últimos dias as sondagens sempre deram a vitória à Hillary Clinton.
-Gostava mesmo de ver mrs Billary derrotada!
Obama vai pôr KO McCain… um criminoso de guerra que não devia ter sido amnistiado pelo Vietname…
“As a community organizer, he bridged divides of race and class to fight for jobs for the jobless on the streets of Chicago”
Afinal, talvez aquelas Marchas pelo Emprego do BE façam algum sentido.
“(…)and took on powerful interests in both parties to draft and pass the most sweeping ethics reform since Watergate.”
Extraordinário. Na única “reforma ética” aprovada pelo actual Senado, houve para aí meia-dúzia de senadores que votaram contra – e Obama foi um deles. Aliás, todas as emendas propostas pelo Obama foram chumbadas (felizmente; quase todas oscilavam entre o bizarro e o assustador). Esta comovedora fábula que narra o Obama como o monarca do compromisso e o sacerdote da conciliação é, como diria o outro, um extravagante conto de fadas. Contam-se pelos dedos de uma mão os votos de Obama que divergiram da linha dura da extrema-esquerda dos democratas. E contam-se por um só dedo (passe a incongruência), as peças legislativas que ele promoveu e foram aprovadas no Senado.
Sobre a temática da reforma ética e dos trabalhos decorridos no actual Senado, recomendo muito a leitura desta carta:
http://austinbay.net/blog/?p=890
“Como se o seu programa e as suas políticas, aquilo em que Obama acredita não fosse do conhecimento público”
Claro que não é do conhecimento público. Está acessível ao público – o que, como reconhecerão os menos ingénuos, é algo radicalmente diferente. A verdade é que, para o bem e para o mal, o público – excluindo alguns marginais – está-se francamente nas tintas para essas coisas. Além de só raramente conhecer com um mínimo de solidez o que os candidatos propõem, prima por uma basilar ignorância das consequências dessas propostas. O público é, por regra, muito económico e, como tal, poupa-se ao incómodo do conhecimento.
O post começa por uma pergunta – e eu confesso que tenho dificuldades em perceber se foi respondida ou não. Se aplicarmos o princípio da parcimónia, a resposta parece-me óbvia. Como seria recebida a candidatura presidencial de um senador com um ano de mandato, possuidor de uma retórica grandiloquente mas incapaz de apresentar uma posição articulada sobre tópicos políticos concretos, quase sempre alinhado com as posições da extrema-esquerda no Congresso, sem qualquer experiência política ou profissional relevante e branco? Com gargalhadas.
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Obama vai pôr KO McCain… um criminoso de guerra que não devia ter sido amnistiado pelo Vietname
-Curioso, muitos cidadãos americanos, pessoas comuns, veêm McCain como um deles, alguém que não consegue sequer levar as mãos ao cabelo para se pentear sem ajuda, vítima dos ferimentos sofridos pelo brutal regime vietcong, por quem foi torturado, e que não obedece a directorios partidários. Wait and see!
“Esta comovedora fábula que narra o Obama como o monarca do compromisso e o sacerdote da conciliação é, como diria o outro, um extravagante conto de fadas.”
Nem mais.
“Contam-se pelos dedos de uma mão os votos de Obama que divergiram da linha dura da extrema-esquerda dos democratas. E contam-se por um só dedo (passe a incongruência), as peças legislativas que ele promoveu e foram aprovadas no Senado.”
O apoio do MoveOn e a classificação de number 1 de senador mais à esquerda na presente legislatura não aconteceram por acaso. E até esta semana, quando estava a fazer propaganda ao seu sucesso enquanto legislador sobre a matéria de nuclear, descobriu-se que a essa lei nem foi aprovada. Enfim, o fairy tale não vai durar eternamente…
“E até esta semana, quando estava a fazer propaganda ao seu sucesso enquanto legislador sobre a matéria de nuclear, descobriu-se que a essa lei nem foi aprovada”
O trabalho legislativo do Obama distingue-se por duas coisas:
– o maior rácio de abstenções num senado estadual desde a Guerra Civil.
– uma lei sobre o Congo no Senado federal.
“Enfim, o fairy tale não vai durar eternamente…”
Eternamente não durará; mas não precisa de uma esperança de vida superior a 8 meses – e isso é bem provável que atinja.