Nos últimos dias, Barack Obama tem subido nas sondagens, ultrapassando a própria Hillary Clinton no Iowa, cujo caucus terá lugar já no dia 3 de Janeiro.
Também neste mês de Dezembro, a revista The Atlantic, publica um artigo de Andrew Sullivan, intitulado Goodbye to All That; Um belíssimo texto no qual Sullivan explica porque acredita ser este o momento de Obama vencer. De se tornar o próximo presidente dos Estados Unidos da América.
Andrew Sullivan faz um retrato do que é a América hoje. Uma América dividida com as guerras culturais dos últimos anos. Fragmentada, já não só a um nível racial, mas num grau inteiramente novo. Uma divisão entre religiosos e ateus; entre conservadores e progressistas; os que combateram no Vietname e os que ficaram nas faculdades a lutar contra a guerra. A América hoje tem a marca da geração baby boom. Os seus medos, angústias, divisões, discussões, as suas vitórias e as correspondentes derrotas. O deslumbre e a desilusão. O assombro e a tristeza de quem não viveu a II Grande Guerra, mas assistiu ao fim de uma série de convenções sociais e sofreu tudo o que o encerramento de uma era representa.
Esta divisão tornou-se cada vez mais ruidosa com a chegada ao poder desta geração. Com a presidência de Clinton e agora com a de George W. Bush. Um ruído insustentável que, na opinião de Sullivan, um homem nascido nos anos 60, apenas pode ser ultrapassado por Barack Obama.
O que tem Obama de novo? Como o próprio Sullivan o diz: His face. A sua cara. A sua miscelânea. O que ela representa. O que esta significa para os inimigos recentes da América. Nascido no Havai, filho de pai queniano e mãe americana, Obama personifica a abertura do ideal americano às preocupações do mundo. A busca de uma vida melhor e, mais importante que tudo isso, a possibilidade de essa vida melhor ser encontrada na América. O país onde até um mestiço pode ser o homem mais poderoso do planeta. Haverá , de acordo com Sullivan, melhor mensagem para um miúdo que viva no Paquistão?
Associada a esta vantagem, Obama parece superar os dilemas da geração de 60. No que à religião diz respeito, não tem medo de se dizer crente, como não receia afirmar as suas dúvidas. Para ele, ser moderno já não é abandonar a fé; da mesma forma, por necessitar de votos, não faz profissões de fé que soam a falso. Chegou a crente, não porque lhe disseram dever ser assim, mas porque concluiu (a sua fé é também intelectual) que a religião andava de mãos dadas com os valores em que acredita.
Esta sua crença sincera; o ser mestiço e o não dar importância a isso; o ser de outra geração. A sua face. A ultrapassagem dos dilemas dos últimos 20 anos. Tudo num homem só. Não acredito em milagres e suspeito sempre do esforço hercúleo de um só. Sucede que os EUA são um país que gosta de sonhos, tem fé na bondade intrínseca dos homens e Obama, com aquele carisma muito peculiar, o brilho que faz a diferença, é a mais valia que convence os eleitores. A ideia que tudo é possível. Que o pragmatismo só, não chega. No fundo, a verdadeira mensagem da América.
Já viram esta notícia:
http://www.lavanguardia.es/lv24h/20071210/53416658257.html
Un abogado turco pide a la UEFA una sanción contra el Inter por una camiseta que cree ofensiva para el islam
De momento é só para rir, mas esperemos pela resposta da UEFA.
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Belo post, sim senhor. Espero que tenhas razão.
Belo texto. Se alguém tão bom como Obama não for travado nas eleições, será depois. JFK foi o último que se atreveu a ter um discurso com tamanha chama de esperança e, 2 anos depois, dele já só rezava a história. Enfim, Obama seria o melhor que podia acontecer ao mundo, mas duvido que o submundo permita.
Excelente texto!
Creio que estás carregado de razão.
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Bom texto, sem neo-coneirices. Subscrevo. Obama é de longe o melhor para a América, para o Mundo e para a imagem da América no Mundo (que anda pelas ruas da amargura).
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