O artigo de ontem de Francisco Sarsfield Cabral no jornal Público, intitulado ‘Os juros e o populismo’ é da máxima importância. Ele chama a atenção para o vício mental que ainda vivemos em Portugal: o socorro do estado. A necessidade do estado nos socorrer num ponto muito específico, que nos tem marcado neste início de Outono e que são as altas taxas de juros praticadas pelo BCE. Altas taxas de juro que encarecem o custo do dinheiro e penalizam as famílias.
Perante esta situação, o que propôs o CDS que pretende aparecer com o discurso renovado? Que o estado português exigisse a descida das taxas de juro. Apenas isto. Não tentou flanquear o problema permitindo que as famílias tenham a possibilidade de fugir aos endividamentos. Não defendeu a liberalização da lei do arrendamento, que permita um mercado de arrendamento normal, mais dinâmico, com uma gradual descida das rendas, que levasse a uma sucessiva redução da compra de casa, do crédito bancário, do endividamento das famílias. Uma medida não populista com uma vantagem acrescida: Soltava as pessoas. Permitia que estas pudessem circular pelo país, mudando de emprego, de cidade com muito mais facilidade e muito mais rapidamente. Dinamizava o mercado de trabalho.
É desta forma, simples, demasiado simples que mete medo aos políticos, que se resolvem os problemas. Desta forma simples que, perante uma adversidade como o endividamento das famílias que é possível resolver vários problemas e atavismos económicos de uma assentada só. É preciso imaginação política. É preciso acabar com os vícios mentais que conduzem ao populismo económico disfarçado de seriedade política com frases pomposas e poses sisudas. Talvez por isso, o livro que Richard Reeves escreveu sobre Reagan se intitulasse ‘President Reagan: The Triumph of Imagination. É este o triunfo que nos cabe buscar.
O direito à habitação é garantido na constituição. Tu tens casa própria, André? Poderias dar o exemplo, vendê-la e meteres-te no mercado de aluguer. Isso, sim, seria admirável. Senão pareces mais um dos muitos funcionários poúblicos ultraliberais que andam pela blogosfera.
Filipe, com o devido respeito e a franqueza que te devo, não digas um disparate como esse. As rendas são bastante mais altas que o pagar uma prestação ao banco. Não fossem e arrendava casa, até porque o casa de primeira habitação não é património. Tu tens sempre de ter um sítio onde dormir.
Não estou assim tão convencido de que as rendas sejam sempre mais altas que as prestações (depende do teu contrato com o banco). Mas, como dizes, as pessoas precisam de um sítio onde dormir, e têm o direito de terem a oportunidade de comprarem um sítio a que possam chamar “seu”. As pessoas devem procurar ter casa própria a partir do momento em que pensam radicar-se num sítio.
A sério, acho mal que quem tem casa própria mande os outros arrendar. Tal como acho mal que quem anda de carro mande os outros andar de bicicleta, ou quem é funcionário público seja a favor da liberalização dos despedimentos (na blogosfera há vários casos). É só uma comparação… Mas as pessoas têm de ser coerentes. Um abraço.
“Tu tens casa própria, André? Poderias dar o exemplo, vendê-la e meteres-te no mercado de aluguer. Isso, sim, seria admirável.”
Porquê?
Filipe, falo-te com toda a sinceridade quando te digo que tenho casa própria mas preferia ter uma arrendada. Infelizmente, o mercado de arrendamento, tal qual está devido a esta lei do arrendamento não permite que a opção seja viável.
Nao percebo a obsessao com a casa propria. Como activo e’ muito pouco liquido e contem risco dificilmente diversificavel. Arrendando (especialmente sendo jovem) nao se tem o risco preco (so’ o que e’ repercutido na renda) e sempre se manteem as opcoes em aberto (ie, mobilidade, etc, como dizia o Andre’). A presuncao de que quem tem casa propria esta’ necessariamente em melhor posicao carece de demonstracao e nao e’ obvia.
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