O anti-semitismo como defeito moral e intelectual
1. O anti-semitismo, como qualquer outra obsessão xenófoba é uma doença da alma, porque corrói e subverte os nossos sentimentos de solidariedade humana.
2. O anti-semitismo, porém, é a pior dessas doenças porque é a mais antiga e a que mais estragos e sofrimento têm causado tanto às vítimas como aos perseguidores.
3. O preconceito contra os judeus tem a sua origem no ódio persistente da sociedade pré-industrial ao capitalismo.
4. Os judeus, tendo sido expulsos da sua terra pelos romanos como castigo pela sua revolta contra o império, espalharam-se por todo o mundo conhecido e sobreviveram através do comércio.
5. Sendo um povo em que todos eram alfabetizados, foram muito bem sucedidos nos negócios.
6. Sendo um povo monoteísta e com as suas sagradas escrituras tinham um cimento poderoso para conservar a sua identidade e as ligações entre as suas comunidades.
7. Os camponeses de maneira geral odeiam e invejam os mercadores e os intrusos.
8. Os nobres improdutivos e dedicados à caça e à guerra sempre procuraram empréstimos onde havia dinheiro, quer dizer entre os judeus.
9. O devedor de maneira geral não gosta do credor.
10. A melhor maneira de liquidar as dívidas era de incitar os camponeses (que também tinha as suas próprias dividas) a pilhar os bens dos judeus e correr com eles. Daí a frequência dos pogroms.
11. Foi o próprio Marx quem disse que os judeus sentiram no capitalismo como peixes na água.
12. Foi o florescimento do capitalismo que trouxe a emancipação dos judeus.
13. O saudosismo dos tempos medievais pré-capitalistas anda muitas vezes em paralelo com o anti-semitismo.
14. A expulsão dos judeus da península ibérica foi uma das principais causas da decadência das outrora grandes potências: foi a expulsão da sua classe média. Quem veio a beneficiar foram os países baixos e a Inglaterra.
15. As contribuições materiais, morais, culturais e científicas dos judeus para o progresso de humanidade, proporcionalmente ao seu número excedem de longe as contribuições de qualquer outro povo.
16. A doença do anti-semitismo, quando encontrada em gente culta tem geralmente a sua origem no sentimento de inveja e a consciência de mediocridade. São estes impulsos atávicos que explicam o histerismo antijudaico dos islamistas.
17. A expressão anti-anti-semitismo é um nonsense. O que existe é a aversão ao anti-semitismo, uma posição perfeitamente fundamentada e partilhada por todas as pessoas sensatas. O que não quer dizer que seja desejável que essa aversão fosse traduzida em legislação. Não se pode legislar sobre os preconceitos ou a imbecilidade.
18. Em toda a parte os judeus são os melhores imigrantes, com a mais baixa taxa de criminalidade e das mais altas de produtividade.
19. Israel é uma pequena ilha ocidental e de progresso num oceano medieval.
20. O dever de todas as pessoas de bem é de defender Israel e o seu povo.
Excelente post.
“A expressão anti-anti-semitismo é um nonsense. O que existe é a aversão ao anti-semitismo, uma posição perfeitamente fundamentada e partilhada por todas as pessoas sensatas.”
De acordo quanto ao anti-semitismo mas julgo que faz sentido falar de anti-anti-semitismo como um problema quando as reacções ao anti-semitismo são completamente desproporcionais face às reacções ao anti-catolicismo ou anti-americanismo ou qualquer outra aversão irracional.
Acresce que, e embora não seja o caso deste post, o anti-anti-semitismo atinge por vezes um grau próximo da histeria que por sua vez facilita a aprovação de medidas legais limitadoras da liberdade de expressão.
Em resumo: de acordo quanto ao anti-semitismo mas sem que tal implique algumas manifestações de anti-anti-semitismo não sejam também um problema.
Evidentemente que podemos encontrar extremismos em todo o lado. A criminalização de Holocaust Denial, os chamados crimes de ódio, a proibição de critícas às religiões, raças, etc. O que simplesmente quero indicar é que o “anti-anti-semtiismo” é tão tolo como conceito quanto é o “anti-anti-black”, “anti-anti-católico”, “anti-anti-protestante.” Todavia os sentimentos subjacentes podem se encontrar em toda a parte: a recusa à crítica de determinados comportamentos dos negros; a guerra religiosa na Irlanda do Norte, etc.
Aliás creio ter indicado a minha posição quando disse que não se pode legislar sobre os preconceitos ou os sentimentos.
Subscrevo todos os pontos, principalmente o último, que acaba por ser um corolário e me parece ser urgente reafirmar a todo o momento: «20. O dever de todas as pessoas de bem é de defender Israel e o seu povo». Mas tenho reservas quanto ao 17, onde acompanho o André. Pode ser um conceito tolo e disseminado, mas existe e a sua popularização, sem que exista a sensatez de o desmacarar, facilita a legislação de deveres éticos e obrigações morais – como, de resto, se vê.
Belo texto Patrícia!
Mas como explicar o anti-semitismo existente muito antes da pré-revoluão industrial?
Essa pléiade de legislação anti-anti-semitismo tem sido criada por países maioritariamente cristãos e onde a chegada de novos imigrantes (muçulmanos) levantou desafios até então inpensáveis. Acredito que o anti-semitismo nativo não foi o catalizador dessas novas legislações…
J.
PS. Nos dias que correm, a sua declaração (final)vde intenções é reveladora de frontalidade e de coragem. Bem haja!
A expressão anti-anti-semitismo é um nonsense.
Eu entendo que é perfeitamente lícita, e visível na mais recente legislação que proíbe histericamente a negação do Holocausto.
Excelente post!!!
Mas se os judeus fossem assim tão espertos não se tinham enfiado no Médio-Oriente!!!
Porque é que não os mandaram para os EUA!!!
Engraçado. Num site que é conhecido, principalmente, pelo incitamento ao ódio aos muçulmanos, não deixa de ser um curioso um post como este.
Muito bem. Concordo com tudo excepto com o ponto 17 (parcialmente, pois concordo com o que comentaram o AAA e o AA) e com o ponto 20. Relativamente a este último as razões são demasiado complexas para escrever aqui, mas julgo que o mais importante é (a) não se deve confundir Israel com os judeus em geral, pois tal é uma forma de colectivismo/generalização, e (b) independentemente de em inúmeros aspectos Israel ser melhor que o referido oceano medieval que o rodeia, o seu Estado não está isento de partilhar com os líderes árabes a responsabilidade pela situação que o país enfrenta actualmente; por isso não pode ter lugar qualquer “imposição moral” a terceiros.
Além disso o ponto é um bocadinho ad hominem. Quem não concorda não pode ser pessoa de bem? Nada simpático, isso. 🙂
Como é habitual, um excelente e oportuno post da Patricia Lança !
Concordo em geral com todos os pontos.
Quanto ao ponto 17. não me parece que haja qualquer divergência de fundo entre as duas perspectivas aqui presentes. As precisões de uns e de outros são suficientemente esclarecedoras.
Embora reconheça que todos os pontos contribuem de algum modo para justificar a tese do ponto 20., o ponto 19. parece-me ser suficiente. E é sobretudo determinante. O mais importante é Israel, apesar de uma história traumatizante, e apesar de todas as contradições e imperfeições actuais, ser uma sociedade com um elevado nível de abertura, tolerância e prosperidade.
Concordo com o reparo do Migas quanto ao modo como está formulada a parte inicial do ponto 20. Penso que se deve admitir que possam existir “pessoas de bem” que não considerem ser um “dever” “defender Israel e o seu povo”. É discutível. Mas podem existir razões e circunstâncias que expliquem uma posição diferente.
Embora preferisse uma outra formulação, reconheço ainda que o Migas tem alguma razão ao dizer que o “Estado (de Israel) não está isento de partilhar com os líderes árabes a responsabilidade pela situação que o país enfrenta actualmente”. Penso sobretudo a certos aspectos discutíveis que acompanharam a fundação e a construção do Estado de Israel.
Dito isto, considero que a principal “responsabilidade” pela continuação e actualidade do conflito israelo-palestiniano incumbe aos líderes árabes e palestinianos. Acima de tudo aos mais extremistas, que nunca aceitaram a ideia de uma coexistência pacífica com Israel. Mas também, aos mais moderados, que oscilam entre a instrumentalização oportunista e hipócrita e a passividade cobarde e insensata. Numa palavra, as responsabilidades do Estado de Israel e as responsabilidades dos líderes árabes e palestinianos não devem ser colocadas no mesmo plano.
Por tudo isto, concordo com o principio enunciado no ponto 20. quanto à circunstância de a procura de progresso, liberdade e uma paz duradoura na região, passar necessáriamente pela “defesa de Israel e do seu povo.”
Aqui está um post que gostaria de ter sido eu a escrever.
Chamo especial atenção para o ponto 14, que refere um acontecimento muito pouco (nada ?) referido quer na blogosfera quer na msm: uma das consequências que teve foi que no tempo de el-rei D. João V já nao existia um único piloto portugês na carreira das Índias !
Sobre o ponto 19 acrescente-se que Israel é também o canário na mina: o que lhes acontecer também nos irá acontecer.
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Cuidado.
Medievalismo = anti-semita.
Medievalismo que representa um ponto alto de descentralização politica e do cristianismo.
Eu bem digo que existem pontos, não muitos, mas existem, onde as nossas lealdades, fés, etc, atingem pontos irreconciliávies e é preciso escolher.
Mas devo dizer que se existirem conversões ao judaismo só o vejo como positivo.
Já o Ocidente está farto de seus defensores (dizem do legado “judaico-cristão”) que nem são judeus nem cristãos, mas cuja missão na vida é o “dever” de ajudar o Estado de “Israel”, aconteça o que acontecer ao “Ocidente” e vamos ser dizer, ao cristianismo.
PS. Sugiro um leitura do antigo testamento para ver as origens dos judeus na palestina (um dos argumentos do pro-sionismo): a guerra de conquista, o uso dos espiões, etc [isto no “antigo”].
Outro ponto: pintam a emancipação dos judeus como uma libertação do jugo da opressão externa, mas esta emancipação concedida pelos monarcas europeus, representou também a libertação de uma grande parte dos judeus da ortodoxia férrea imposta pelo dominio dos rabinos em cada gueto, com ampla capacidade de cobrar impostos internamente (também com frequencia eram o cobrador de impostos do soberano), impor as suas leis ortodoxas que proibiam o conhecimento/etc, e ainda o seu proprio direito criminal (tipo como o islão, sabiam?).
Além disso, a sua prática de emprestimos mostrava a sua caracteristica de dupla etica (estranha ao universalismo do cristianismo): a da proibição da sua cobrança entre judeus mas praticada com gentios.
Foi esta emancipação que depois permitiu o sucesso nas cieências e negócios.
Se não quisermos ser p.c., uma coisa é reconhecer a existência de anti-semitismo violento, outra é achar que toda a critica a aversão é fundada toda, toda ela, em simples irracionaldade e inveja (raciocinio que em si, coloca o cristianismo num ponto inferior…são só culpas…nenhuma razão)
Só o Islão seria realmente culpado de caracteristicas inatamente criticáveis… e quem sabe a Igreja Católica, quando não cumpre o seu dever de apoiar “Israel” e o seu “povo”.
Quando é o André Azevedo Alves a representar aqui o mais elementar bom senso está tudo dito.
O racismo anti-islâmico dá nisto.
“Aliás creio ter indicado a minha posição quando disse que não se pode legislar sobre os preconceitos ou os sentimentos.”
Pensei que tinha tornado claro a minha posição no comentário No.3, e também no post. É evidente que não,e alguns comentaristas não me entenderam.
Primeiro: Foi o governo austriaco a penalizar “holocaust denial”. Uma atitude demagógica para tentar mascarar o facto que este país não sofreu o processo de denazificação que ocorreu na Alemanha e os ex-nazis continuaram a exercer as suas funções. Contínuo a achar que classificar de “anti-anti-semitismo” este tipo de actuação não seja muito útil ou clarificador. Demagógico, se quizerem. Se prosseguirmos no caminho dos “antis” julgo que acabamos num regresso vicioso que não leva à parte nenhuma. Assim eu própria podia ser classificada de “anti-anti-anti-sémita” e os que me criticam de “anti-anti-anti-anti-semitas”. Enfim, como se vê, este tipo de rótulo não ajuda e parece-me pouco rigoroso.
Segundo, quanto ao histerismo de alguns que combatem o anti-semitismo, acho também que não podemos, nem devemos, pedir calma aos martirizados e os seus descendentes quando vejam resuscitar um monstro que devia estar morto e interrado.
Terceiro, eu não sei o que será racismo anti-islámico. Para mim é um novo conceito, consagrado pelas locutoras ignorantes da TV. O Islão é uma religião e os seus fieis pertencem a todas as raças.
Quem tem lido os meus textos ao longo dos últimos doze meses aqui e no site da Causa Liberal devia conhecer a minha posição sobre o Islão e que faço uma distinção clara entre o Islão e a facção radical do integrismo muçulmano. Escrevi sobre os quatro anos que passei num país muçulmano, a Argélia, onde trabalhei por e com argelinos. As únicas pessoas de quem não gostei nesse país eram os portugueses do PCP lá exilados que infernizaram a vida dos compatríotas. Mas evidentemente, essa atitude podia ser considerada por alguns de anti-portuguesismo.
COMO JUDEU, SÓ POSSO EXPRESSAR MINHA ADMIRAÇÃO ELEVADA PELO SEU TRABALHO, QUE NÃO É CONTAMINADO PELOS VESGOS DA MASS MEDIA OCIDENTAL – DIRIGIDA POR INTERESSES ESCUSOS, SENÃO PELO MEDO DOS RADICAIS DO ISLAM.
SHALOM
YEHOSHUA COHEN
Pedro Arroja, volta, estás perdoado!
Atenção Patrícia Lança, defender publicamente crimes contra a humanidade como as limpezas étnicas, massacres, racismo, guerras de anexação, apartheid e fundamentalismo sionista viola o o Código Penal (art.240). E você já tem idade para ter juízo… antes era comunista e agora neo-coneira (trotkista de direita)… não acha que já são disparates a mais ?
Grande Hezbollah…
O heróico Hezbolah tinha todo o direito de fazer prisioneiros terroristas das SS Tsahal na Palestina ocupada, por 2 razões, entre outras: Há patriotas libaneses presos nas masmorras sionistas há mais de 30 anos (Samir Kuntar e camaradas), os quais só poderão ser libertados por troca com os terroristas sionistas. Além disso, há milhares de compatriotas palestinianos presos, e a Nação árabe é una. Um libanês tem o direito de legítima defesa de tudo fazer para arrancar da prisão camaradas semitas (como eles) da resistência ao inimigo comum. Tinham ainda o direito de abater terroristas sionistas em retaliação pelos hediondos massacres que nesse mesmo momento nazi-sionistas faziam em Gaza (centenas de mortos).
E ainda mais se justificou o memorável coçóide que os 3.000 bravos do Hezbolah ferraram na soldadesca nazi-sionista (30.000) que não chegaram sequer a conquistar nenhuma aldeia libanesa fronteiriça. Os terroristas perderam 120 soldados, 5 helicópteros, 50 tanques Merkavas e uma fragata, e retiraram humilhados, vingando-se na população civil libanesa (1.300 mortos). Todo o democrata, de esquerda ou direita, deve saudar o exemplo heróico dos leões do Hezbolah, que mostraram a todo o mundo islâmico invadido pelos terroristas cruzados a via para a aniquilamento final dos ocupantes sionistas e bushistas.
DEUS é GRANDE. HURRAH !