O rosto do país

 

Pouco interessa se Sócrates tem ou não o canudo. Do que se retira do comentário do Presidente das República há assuntos mais importantes que apurar se houve ou não batota na licenciatura do primeiro-ministro. Neste assunto, dou a mão à palmatória e concordo com a opinião de Vasco Pulido Valente publicada no Público. José Sócrates é o rosto do ensino em Portugal, onde o único objectivo é obter um diploma. Pouco interessa se o aluno aprendeu o quer que seja. Pouco lhe dá se vai exercer a actividade para que estudou. O mais importante é dizer que andou na faculdade e a terminou.

O pior é que este estado de espírito não se fica pelos alunos das licenciaturas das universidades menos conceituadas. Ele estende-se a tudo o mais. Conheci alunos de mestrado para quem as aulas (em horário pós-laboral e aos Sábados de manhã) eram uma perda de tempo. De nada os impediu terminar a parte lectiva com resultados razoáveis. Da mesma forma, poucos são os professores que se entregam a tempo inteiro àquela actividade profissional. Têm outros empregos, outros objectivos para que dar aulas numa universidade é um enorme trampolim. Tudo isto está certo. Mas depois não se espantem que o ensino esteja na rua da amargura. Porque onde não há profissionalismo não existe exigência e pouco resta de qualidade.

6 pensamentos sobre “O rosto do país

  1. José F.

    Caro André,
    Eis um post em que concordo inteiramente consigo. Quem conhece as Universidades inglesas, americanas ou outras, fica verdadeiramente chocado com a forma e o lascismo com que algumas universidades nacionais trabalham. E então se falarmos dos Pólos dessas Universidades….

  2. Jose Sarney

    Há uma palavra que está presente em TODAS as Instituições de Ensino Superior portuguesas: endogamia.

    Normalmente, a endogamia traz outras coisas…..e não é com toda a certeza, o mérito!

    Claro, que as Privadas e os Politécnicos estão mais fragilizados….mas nas outras, há também outra fenómeno que são os “intocáveis”!

  3. José Luís Pereira

    Já nem digo profissionalismo, embora não o dissocie do resto, mas exigência e qualidade são a chave… que o nosso Primeiro clama para o desenvolvimento do País. E aí ele não pode ser o rosto da coisa, pois não?

  4. O País está em crise educativa generalizada, resultado das políticas governamentais dos últimos 20 anos, que empreenderam experiências pedagógicas malparadas na nossa Escola. Com efeito, 80% dos nossos alunos abandonam a Escola ou recebem notas negativas nos Exames Nacionais de Português e Matemática. Disto, os culpados são os educadores oficiosos que promoveram políticas educativas desastrosas, e não os alunos e professores. Os problemas da Educação não se prendem com os conteúdos programáticos ou com o desempenho dos professores, mas sim com as bases metódicas cientificamente inválidas.

    Ora, devemos olhar para o nosso Ensino na sua íntegra, e não apenas para assuntos pontuais, para podermos perceber o que se passa. Os problemas começam logo no ensino primário, e é por ai que devemos começar a reconstruir a nossa Escola. Recomendamos vivamente a nossa análise, que identifica as principais razões da crise educativa e indica o caminho de saída. Em poucas palavras, é necessário fazer duas coisas: repor o método fonético no ensino de leitura e repor os exercícios de desenvolvimento da memória nos currículos de todas as disciplinas escolares. Resolvidos os problemas metódicos, muitos dos outros, com o tempo, desaparecerão. No seu estado corrente, o Ensino apenas reproduz a Ignorância, numa escala alargada.

    Devemos todos exigir uma acção urgente e empenhada do Governo, para salvar o pouco que ainda pode ser salvo.

    Sr.(a) Leitor(a), p.f. mande uma cópia ao M.E.
    email: gme@me.gov.pt, se.adj-educacao@me.gov.pt, se.educacao@me.gov.pt

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