Ainda sobre Pinochet

Continuo sem entender como se pode avalizar, ainda que de forma condicional, o regime ditatorial de Pinochet. Se o objectivo do golpe militar era a deposição de Allende como justificar 17 anos de regime ditatorial? Não teria o seu propósito ficado cumprido e esgotado em 1973/4? Quanto tempo deverá durar um regime de excepção? Se a justificação para a deposição de Allende eram os seus atropelos à constituição não deveriam os suspeitos da violência revolucionaria e demais desmandos constitucionais ter sido julgados à luz das leis e constituição vigentes? E não seria, pelos mesmos motivos, justificado um golpe para depor Pinochet?

Se criticamos Allende pela pretensão de transformar o Chile numa ditadura não podemos esquecer que Pinochet a transformou num ditadura de facto. O facto de um ser de esquerda e outro de direita não deve condicionar o nosso julgamento. O facto de o fazermos com um razoável distânciamento geográfico e histórico deveria permitir uma análise menos emotiva e mais objectiva.

0 pensamentos sobre “Ainda sobre Pinochet

  1. José F.

    O problema do articulista é que confunde uma pessoa com o regime. Allende é uma pessoa, mas ele era apenas a figura principal do regime. Havia que desmantelar o regime.

  2. “O problema do articulista é que confunde uma pessoa com o regime. Allende é uma pessoa, mas ele era apenas a figura principal do regime. Havia que desmantelar o regime. ”

    Julgo que não terá lido esta parte:

    Se a justificação para a deposição de Allende eram os seus atropelos à constituição não deveriam os suspeitos da violência revolucionaria e demais desmandos constitucionais ter sido julgados à luz das leis e constituição vigentes?

  3. Embora até aceite a argumentação inicial, continuo a não compreender à luz de que evidência histórica se estabelece a equivalência entre Pinochet e Allende, que presidiu a um governo democrático (não havia nenhum regime Allende, que falsidade histórica; o regime era democrático, não era de Allende, santa ignorância!) que respeitou as liberdade civis e políticas e ainda assim acabou deposto por um golpe militar sangrento.
    Sobre a questão da duração do “estado de excepção”, deixo esse assunto aos insurgentes e demais acólitos.

  4. José F.

    Caro Miguel,
    Não defendo métodos violentos. Sejam eles de que cor sejam. É uma questão de principio. Mas sinceramente, acha que o Golpe de Pinochet teria êxito se seguisse os métodos que acha (e eu também, note-se) correctos? Pinochet é um assassino. Pode ser. Mas quantos assassinos há por esse Mundo, sem nunca serem julgados. E a viverem como herois.

  5. “Pinochet é um assassino. Pode ser. Mas quantos assassinos há por esse Mundo, sem nunca serem julgados. E a viverem como herois.”
    O argumento implícito é os outros têm assassinos como heróis, nós também queremos?

  6. Miguel
    Quero-te dar os parabens nao so’ por uma analise lucida, mas, principalmente, pela enfase correcta que das ao mais importante, ou melhor, ao que devia ser mais importante.

  7. Pingback: O Insurgente » Blog Archive » Re: Ainda sobre Pinochet

  8. “O facto de um ser de esquerda e outro de direita não deve condicionar o nosso julgamento”… é que não diria mesmo mais! Ponto de ordem (e de partida para uma discussão que deve ser tida) lúcido, pertinente e intelectualmente honesto.

  9. José F.

    Caro Pauloabx
    A conclusão é sua. Não pode evidentemente extrair das minhas opiniões essa conclusão. Até porque não corresponderia à (minha) verdade.

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