O governo (também) zela pelos horários televisivos

Diário Digital

O Governo quer obrigar as televisões a informar o público sobre a programação dos seus canais com, pelo menos, 48 horas de antecedência, prevendo uma coima para quem altere o alinhamento sem ter uma razão excepcional.

Mais uma manifestação ridícula do intervencionismo estatal. Faria bem melhor se se preocupasse que as repartições dos seus serviços cumprissem os horários que ele própria estipula.

PS: Este também podia ir para a categoria “palhaçada”…

0 pensamentos sobre “O governo (também) zela pelos horários televisivos

  1. Pois…Vejo que, para ti, a ética não conta, os canais podem alterar a programação e os horários a seu bel-prazer, sem qq respeito para com o telespectador, que se quer ver um programa específico tem de tactear no escuro ou de esperar uma eternidade, eternidade essa consumida por uma publicidade histriónica (vide a SIC) e de gosto muito duvidoso.
    É o admirável mundo novo do mercado, ou dito de outro modo, o reino da monocultura televisiva.
    Mas talvez tenhas razão, e o problema não resida em mais legislação, mas sim na ética dos operadores. Quando não existem referenciais éticos, não há outra solução a não ser legislar, mesmo que o excesso de regulamentação seja um mal; talvez um mal menor face a selva em que se transformou o espectro televisivo (é por exemplo aceitável que uma tv passe um filme e corte o genérico?).

  2. “Quando não existem referenciais éticos, não há outra solução a não ser legislar”

    Portanto, mudam-se os hábitos por decreto. Não gosto nada da engenharia social nem me parece que ela tenha resultados práticos.

    “Mas talvez tenhas razão, e o problema não resida em mais legislação”

    Resido talvez no excesso de legislação.

    “talvez um mal menor face a selva em que se transformou o espectro televisivo”

    Ninguém te obriga a ver esses canais. Tens os canais do cabo e os dvd’s.

    “é por exemplo aceitável que uma tv passe um filme e corte o genérico?)”

    Será aceitável o que não significa que goste. Não posso pretender proibir por decreto tudo o que me chateia. E, como disse anteriormente, há outras opções.

  3. “Vejo que, para ti, a ética não conta, os canais podem alterar a programação e os horários a seu bel-prazer, sem qq respeito para com o telespectador,”

    Tu também podes chegar atrasado sempre que te apetecer.

  4. “Quando não existem referenciais éticos, não há outra solução a não ser legislar”

    E quem determina que não existem referenciais éticos? Ou são uniformes/absolutos?

  5. “E quem determina que não existem referenciais éticos? Ou são uniformes/absolutos?”

    Oa aí está, caro Helder, um enunciado mui relativita que qq esquerdista ou pós-moderno poderia subscrever. Se o Popper o ouvisse…

  6. A lei é uma palhaçada, mas como é destinada a palhaços …

    Há um problema duplo na nossa sociedade: há falta de ética, e há-o especialmente em quem mais teria obrigação de a ter.

    Legislar nesse sentido é um bocado tosco e, provavelmente, inútil. Mas enfim.

    .

  7. “Se o Popper o ouvisse…” 🙂

    Luís, era uma pergunta. Fico sempre com a sensação que quem quer legislar a ética, a encara como uma questão estatística.

  8. No rodapé da imagem:

    «Caro tele-espectador: embora tenha ocorrido um trágico evento em …., por força do decreto-lei 345/06, publicado em DR no dia 24/12, não podemos interromper a programação. No entanto não perca as imagens e comentários em diferido no Jornal da Noite.»

  9. lololinhazinha

    O mais engraçado é que tudo isto se passa num país em que todos os canais televisivos violam alegremente a lei da publicidade e ninguem se preocupa com isso. É fácil fazer leis quando não se tem intenção nenhuma de as fazer cumprir.

  10. A obrigação de divulgar a grelha de programas com alguma antecedência contribui para a transparência deste mercado oligopolista: é equivalente à obrigatoriedade de afixação dos preços em montras e nas bancas das praças, para facilitar as comparações e escolhas dos consumidores.

    Reverendo Adam Smith, perdoa-lhes que não sabem o que dizem… É que esta moda de verberar toda e qualquer iniciativa do Estado, assimilada por gente que não pensa bem no que diz (o que até se pode considerar racional, porque pensar cansa…) conduz a patetices destas.

  11. Caro JA

    Segundo julgo saber a programação dos canais surge todas as semanas em inúmeras publicações e pode, inclusivamente, ser consultada no teletexto dos respectivos canais. O que, aliás, é do seu inteiro interesse.

    Peço desculpa pela minha incapacidade em cogitar mas continuo sem perceber a lógica (desta) intervenção estatal.
    Quem sabe outras mentes mais capacitadas para a arte de pensar vejam a coisa de outra forma…

    PS: Na minha patetice, julgo que grande parte dos oligopólios e monopolios apenas existe graças ao beneplácito estatal.

  12. Eduardo

    Queria apenas lembrar que no mercado de canais abertos não há concorrência perfeita, pelo simples motivo de que só há duas licenças para operadores privados. Assim, esses operadores devem cumprir regras de funcionamento que respeitem a atribuição da referida licença, concedida pelo Estado em nome dos cidadãos. Por conseguinte, a ética que rege o funcionamento destes canais deve ser legislada, porque estes próprios canais estão protegidos de concorrência (o mesmo acontece na rádio). Trata-se de um mercado regulado pelo Estado, o qual deve intervir para garantir o cumprimento das regras de concessão de sinal aberto. Em alternativa, poderia acabar-se com as licenças e regular apenas as frequências e respectiva potência. Mas ninguém está interessado nisso, a começar pelos actuais operadores. Para terminar, gostaria de ver mais qualidades nos liberais portugueses, que normalmente não passam de conservadores a pregar contra o Estado e a contradizer toda a teoria económica liberal do século XX. Cumprimentos.

  13. Caro Eduardo,

    “Mas ninguém está interessado nisso, a começar pelos actuais operadores”

    Provavelmente os telespectadores e eventuais concorrentes estariam interessados. Os actuais ologopolistas é que certamente não estarão.

    “terminar, gostaria de ver mais qualidades nos liberais portugueses, que normalmente não passam de conservadores a pregar contra o Estado e a contradizer toda a teoria económica liberal do século XX”

    Se tivesse dito “alguma” a coisa ainda passava, agora, ao dizer “toda” só me resta dizer que estará completamente errado.

  14. Nos ultraliberais EUA os horários da televisão são cumpridos. É uma questão de respeito para com o utente.

    Não me importaria que o Estado obrigasse as pessoas a chegarem a horas, também. E obriga: as repartições têm horários, exiistem prazos…

    Esta mudança, que já defendo há muito, é o melhor que poderia suceder à televisão em Portugal.

  15. Caro Miguel: a maior parte dos monopólios e oligopólios existe graças às próprias leis da Economia, daí seram classificados como “naturais” (devido a economias de escala) e a práticas de diferenciação de produtos, segmentação de mercados, que são consideradas OK pelos veneradores do mercado.

  16. Explicando melhor a influência da “diferenciação de produto” na criação de “monopólios”: quando uma empresa consegue “convencer” o consumidor que a sua marca é “única”, ela passa a ser o produtor monopolista desse produto/marca. Não o é na realidade, apenas na mente do consumidor, mas isso é suficiente para determinar o aumento dos peços na direcção do preço de monopólio. Isto faz-se através das embalagens, da publicidade, das campanhas de fidelização, etc. A capacidade de influência das empresas monopolistas (mesmo neste sentido lato, que engloba a “concorrência monopolística”) é tão grande que o Estado deve intervir como regulador para tornar os mercados mais transparentes e mais concorrenciais.

    O grau “ideal” de intervenção do Estado como regulador da actividade económica tem de ser encontrado a dois níveis (pelo menos); um será científico e deve apoiar-se na boa teoria; outro é ideológico (ou ético, se quizerem) e deve resultar da dinâmica política, cabendo às sociedades definir, em cada momento, quanta regulação e quanta “liberdade” preferem.

    A confusão entre ciência e ideologia que encontramos habitualmente neste debate, só por si, é lamentável. Mas quando os opositores do Estado atropelam a sua própria “teoria”, então só nos resta uma boa gargalhada. Nesse contexto, prefiro ser o palhaço que ri – o pobre – do que o macambúzio palhaço rico.

    Ainda a propósito de palhaçadas: quando é que a banca começa a apelar à inteligência das pessoas e deixa de recorrer às garinas (tipo Fernanda Serrano/BPI e Sara Tavares/Millenium) ou a broncos (tipo António Feio/Montepio ou Bruno Nogueira/Galinha/Millenium”) ?

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