Liberal, também.

O fascismo mussoliniano, o original, o genuíno, ao qual se convencionou chamar “direita”, era profundamente revolucionário e aspirava a virar a sociedade italiana do avesso. Até os hábitos alimentares dos italianos, magnífica herança de uma cultura gastronómica secular e moldada por meio mundo, foram um alvo a abater pelos sequazes do duce. Tudo em nome da ordem e da hierarquia. Tradição? Só quando servia os interesses do grupelho emergente.

A ezker abertzalea (esquerda nacionalista radical basca), ninho da ETA, carrega hoje o facho ateado por Sabino Arana, carlista, fundador do nacionalismo basco, autor de lendárias frases étnico-nacionalistas (acho que é assim que se diz na linguagem politicamente correcta do movimento anti politicamente correcto) sobre os castelhanos: Gran número de ellos parece testimonio irrecusable de la teoría de Darwin, pues mas que hombres semejan simios poco menos bestias que el gorila: no busquéis en sus rostros la expresión de la inteligencia humana ni de virtud alguna; su mirada solo revela idiotismo y brutalidad; La fisonomía del bizkaino es inteligente y noble; la del español inexpresiva y adusta. El bizkaino es nervudo y ágil; el español es flojo y torpe.

A História normalmente é ingrata com esquematizações, certezas absolutas e toques de bandeira anti-dissidência. Por isso, estou com o Miguel. Liberal, sim. De direita? Talvez.

4 pensamentos sobre “Liberal, também.

  1. Luís Lavoura

    (1) Não me parece correto associar diretamente a ETA ao sr Aranda, e presumir ou sugerir que os etarras pensam da mesma forma que ele pensava. Por esse andar, qualquer nacionalista poderia ser associado a formas de pensar muito torpes.
    (2) Ainda hoje há muitas pessoas brancas que pensam de forma similar ao sr Aranda, em particular em relação a negros. E que não se coíbem de o manifestar.

  2. Jose

    Se alguém tem esse aspeto descrito são as bestas da Eta que em nome de um nacionalismo político semeiam ódio e dor. São meros criminosos sem moral, respeito ou consciência de evolução civilizacional.

  3. Nacionalismo é nacionalismo, aqui como em outro lado qualquer. Mais pernicioso ainda é o entendimento de que o indivíduo não é nada, a nação é tudo. Em todo o caso, por que Castela não faz um traço a giz sobre a fronteira do País Basco, se separa, e os deixa sozinhos a cozerem o seu nacionalismo? Eles que entendam entre si.

  4. Pingback: O liberalismo clássico e as direitas | O Insurgente

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